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Crítica
"Conversação" antevê paranóia da bisbilhotice
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"A Conversação" (Telecine
Cult, 22h) foi feito num momento, meados dos anos 70,
em que os equipamentos de escuta e similares, coisas para
bisbilhotar a vida alheia, eram
novidade (ao menos na escala e
com a precisão que o filme
mostra).
É isso que faz deste filme um
prodígio de antecipação. Os
anos 60/70 eram paranóicos
em relação à hipótese de controle mais ou menos completo
que o Estado (entre outros) pode exercer sobre os indivíduos.
A sujeição da subjetividade era
um fantasma recorrente nos
filmes do período. Mas raramente com a força que tem
aqui.
Hoje, se olhamos para o lado
(ou para nós), sabemos que o
mundo está organizado em
função desses controles. De
maneira que, ainda bem, "A
Conversação" não é um filme
de denúncia. As denúncias
sempre acabam derrotadas
quando se travestem de arte.
Ainda hoje, o Turner Classic
Movies exibe "Intriga Internacional" (22h) e "Psicose"
(0h20).
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