São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Febre na TV, Simpsons ganham filme

Com 18 anos de exibição na TV, desenho chega aos cinemas com história ecológica; roteiro teve mais de 150 versões

Filme, que começou a ser pensado em 2003, estreou nos EUA com a maior arrecadação de uma adaptação de TV

Divulgação
A família Simpson com seus amigos da fictícia cidade de Springfield, em cena de "Os Simpsons - O Filme", que estréia amanhã


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um recorde de 18 anos em exibição na TV (e ainda contando), numerosos prêmios e títulos de "melhores do século 20", os Simpsons ganharam seu primeiro longa, que estréia no Brasil amanhã.
"Os Simpsons - O Filme" põe a célebre família amarela criada por Matt Groening -o casal Homer e Marge, mais seus filhos Bart, Lisa e Maggie- em crise com os demais habitantes da fictícia Springfield, graças a mais uma trapalhada catastrófica do incorrigível Homer.
O apego do beberrão a um porco (que rende cenas hilárias) leva a um desastre ecológico que faz com que o presidente Arnold Schwazernegger (!) decida isolar Springfield, revoltando os habitantes da cidade e forçando os Simpsons a migrarem para o Alasca.
O filme começou a ser pensado em 2003 e as mais de 150 versões do roteiro mostram bem a pressão sobre os criadores para que entregassem algo que fizesse jus às expectativas.
A resposta das bilheterias -o filme estreou com a maior arrecadação de uma adaptação de TV para o cinema e já faturou mais de US$ 500 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em menos de um mês- foi acompanhada de aclamação crítica no exterior e sugere que os roteiristas acertaram a mão novamente.

Sucesso na TV
Diversas teses já foram escritas para explicar o sucesso duradouro dos Simpsons, que contam com alguns dos melhores roteiristas da atualidade, centenas de celebridades querendo participar e quase um ano de produção (e um milhão de dólares) para cada episódio.
""Os Simpsons" é uma versão mais branda da vida. Tão triste, patética e estúpida quanto", resumiu Groening em entrevista à Folha em 2004.
O simulacro da vida urbana moderna que é o desenho talvez responda também pelo enorme impacto cultural que "Os Simpsons" causaram.
Sua influência pode ser contada em livros: eles já foram usados para explicar filosofia, religião, psicologia, sociologia e até física. Também foram dicionarizados -a interjeição "D'oh!", de Homer, entrou no Oxford- e transformados em cursos universitários, como "Simpsons e Filosofia", na Universidade Berkeley (EUA).
"Eles basicamente reinventaram a roda", disse o desenhista Seth MacFarlane, criador da também popular série animada "Family Guy", em entrevista à revista "Vanity Fair". "Eles criaram um meio novo, completamente original."
Na entrevista à Folha, Groening explicou como uma família tipicamente americana conseguiu ressoar no mundo todo.
"Acho que as fraquezas de uma família em que os membros se amam mas também enlouquecem uns aos outros são universais. E também acho que é divertido rir de americanos estúpidos."

Crises internas
A ascensão do seriado não foi sem percalços. Groening brigou primeiro com o produtor e roteirista Sam Simon, que muitos consideram o responsável pelo refinamento da série ainda em seu início, e depois com James L. Brooks, produtor-executivo e responsável por levar o desenho à TV.
Houve ainda dois protestos dos dubladores por aumentos salariais, ambos bem-sucedidos. As vozes de profissionais como Nancy Cartwright (Bart), Dan Castellaneta (Homer) e Harry Shearer (Senhor Burns) tornaram-se indissociáveis dos personagens e hoje custam "mais de US$ 100 mil por episódio" (mais de R$ 200 mil), segundo o chefão Murdoch.


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