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Fernando Bonassi diz escrever
"para não ficar desesperado"
da Redação
"O Amor É
uma Dor Feliz"
não é um marco
somente para a
editora Moderna, que o lança
dentro de uma
primeira leva de
livros para adultos.
É um marco também dentro da
obra do escritor Fernando Bonassi, 34, por introduzir um elemento
novo em sua literatura: o humor.
"Sempre tive senso de humor,
mas nunca o coloquei no que eu
fazia", disse ele à Folha.
Humor irônico, diga-se. "O tom
do texto é que é engraçado. Meus
outros livros são muito pesados."
O romance é um relato das memórias de um garoto da zona Leste
de São Paulo, cenário da maior
parte dos livros de Bonassi, nascido na região.
Dados autobiográficos? "Completamente. Tudo aconteceu." O
primeiro beijo, a primeira transa,
o primeiro amor. O sentimento de
inadequação ("Não me sinto adequado até hoje", diz o escritor), a
maconha, o desprezo. Tudo está
em "O Amor É uma Dor Feliz".
Indagado sobre a relação com o
leitor, Bonassi diz que o escritor
não pode pensar nisso. "Não quero agradar nem satisfazer. Escrevo
para não ficar desesperado."
Ainda assim, em "O Amor É
uma Dor Feliz" essa relação sofreu alguma transformação, segundo o autor, por se tratar de um
livro que conversa com o leitor.
"A raiva do personagem é consigo mesmo, não do texto para com
o leitor. Os meus outros livros são
muito duros de se ler. Tanto que
nem fazem muito sucesso aqui."
Esse é o oitavo romance de Bonassi, que escreve também para cinema e teatro.
O fato de trabalhar com diferentes linguagens faz com que elas interfiram umas nas outras.
"As peças que eu escrevo são excessivamente rubricadas, por influência do cinema. A diferença
entre um roteiro e um livro é que
no livro você pode usar metáforas,
e o roteiro não pode conter nada
que não possa ser visto. Isso faz
com que meus livros sejam mais
descritivos do que narrativos. Há
poucas imagens que não sejam visuais."
(CS)
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