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Artista brasileiro ganha mostra de sua vasta produção audiovisual no MoMA
Arthur Omar leva êxtase e violência a Nova York
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
A produção do fotógrafo, artista
plástico, videomaker, músico e cineasta Arthur Omar ganha, a partir de 1º de outubro, um palco privilegiado: o MoMA de NY.
Organizada por Laurence Kardish, curador do departamento
de filme e vídeo do museu, a mostra apresentará
cerca de 40 vídeos e filmes
realizados a
partir dos anos
70, a quase totalidade de sua
produção audiovisual. Por
falta de uma cópia para exibição, "Serafim
Ponte Grande"
(1971), curta baseado livremente no livro homônimo de Oswald de Andrade, ficou fora.
O ciclo entra
no programa
"Middle Career Retrospective", que já
se centrou na obra de artistas consagrados, como John Cassavetes e
Clint Eastwood. Essa é a primeira
vez que ele se atém na produção
de um brasileiro.
O evento é composto por nove
programas diferentes (leia quadro ao lado), que terão duas sessões cada, em dias distintos.
Omar já esteve no MoMA antes.
Em 1990, alguns filmes experimentais seus foram exibidos no
museu. No ano passado, "Triste
Trópico" (1974) foi incluído na retrospectiva da mostra brasileira
"Cinema Novo and Beyond".
O artista é um dos grandes nomes do cinema experimental no
país. Seus filmes e vídeos são delírios estético-poéticos que se pautam por uma visão pessoal de aspectos da cultura, história e sociedade brasileiras.
Sua argumentação pode partir
de um baile funk em uma favela
carioca ("Sonhos e Histórias de
Fantasmas"), de uma revolta de
trabalhadores no século 18 na Bahia ("O Anno de 1798") ou do cotidiano de um detetive metido a
Baretta ("O Inspetor", sobre o policial Jamil Warwar), todos documentários heterodoxos repletos
de lirismo e reflexão teórica.
"Nada pode parar o jorro de
imagens, palavras, sons e conceitos de um filme de Arthur Omar",
escreve Paulo Herkenhoff (curador da última Bienal de SP) em
texto para o catálogo do evento.
Arthur Omar trabalha para a
criação de uma linguagem poética do êxtase. "O êxtase é uma experiência violenta. O cinema tem
uma natureza violenta, de abalo.
O cinema tem de ter um elemento
de choque, algo que não acontece
no cinema brasileiro, que é extremamente contido", disse.
Omar, por sua vez, não se contém. Realiza estudos sobre cinema documental e etnográfico, trabalha com novas formas de percepção da imagem, reflete sobre a
produção artística contemporânea, cria aberturas para a criação
de novos tipos de narrativas audiovisuais, sempre pautado em
experiências de violência e êxtase.
"Trabalho com a transformação
de uma imagem documental, que
deve ser desconstruída para criar
novos impactos visuais no espectador. Quero diminuir a taxa de
informação para expandir a taxa
de emoção", afirmou.
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