Em entrevistas, criadores da série, cuja 3ª temporada sai em DVD, dão a entender que viagens no tempo explicam mistérios

Extras da caixa incluem cena deletada de sexo com Rodrigo Santoro, mas nenhuma explicação concreta sobre desfecho

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltam ainda cinco meses para a estréia da quarta temporada de "Lost", a série televisiva sobre o grupo de sobreviventes de um avião que despencou numa ilha cheia de perigos onde misteriosos experimentos eram feitos por cientistas que acabam por ser massacrados pelos nativos. Ufa!
Se você já perdeu o fio da meada da intrincada história resumida acima, o DVD da terceira temporada chega às lojas no dia 26 de setembro.
Além dos 22 episódios em que "Os Outros" quase roubaram a cena do grupo central de protagonistas, a caixa traz também um montão de extras.
Há entrevistas, cenas deletadas -inclusive uma de sexo entre Paulo (Rodrigo Santoro) e a namorada-, bastidores, um especial sobre os livros mencionados pelos personagens, mas nenhuma resposta concreta aos dramas principais do programa. O que é essa ilha? Por que eles foram parar lá? Afinal, serão resgatados?
A dupla de produtores Damon Lindelof e Carlton Cuse parece ter percebido que os fãs estão impacientes. Talvez por isso ambos estejam dando declarações por aí em que soltam dicas sobre os próximos desdobramentos da trama.
O que fica claro é que "Lost" será cada vez mais uma série de ficção científica e não uma simples aventura. Um vídeo lançado pelos criadores do programa, e que já está na internet, mostra o enigmático dr. Edgar Halowax explicando que o projeto Dharma, instalado na ilha nos anos 70, estuda as "condições especiais" do local, que proporcionariam o que se conhece como "efeito Casimir".

Muleta
Tal fenômeno foi formulado pelo holandês Hendrik Casimir, nos anos 40, e é estudado pela física quântica. De modo extremamente remoto, ele pode ser relacionado à possibilidade teórica de serem realizadas viagens no tempo. Por mais especulativo que pareça, a referência servirá de muleta para explicar as viagens ao futuro dos personagens que já começaram a pipocar na série.
O físico Igor Zolnerkevic explicou à Folha que o efeito Casimir se dá quando duas placas de metal são colocadas de modo tão próximo que o vácuo entre elas pode fazer com que a densidade de energia ali fique menor do que zero, criando então uma energia negativa.
Essa formulação permitiu a outro cientista, o norte-americano Kip Thorne, imaginar que uma espécie de "efeito Casimir" gigante poderia manter estáveis o que se conhece por "buracos de minhoca" -passagens entre dois pontos diferentes no espaço muito difíceis de se manter. Só na ilha de "Lost", pelo visto, essa situação seria possível, criando verdadeiros túneis do tempo.
"O que "Lost" parece estar fazendo é dar uma roupagem nova para uma idéia velha, a de que seria possível realizar viagens no tempo. Isso tem alimentado há décadas filmes e livros de ficção científica", diz Zolnerkevic.
A dupla Lindelof e Cuse afirma que a idéia de mostrar o futuro dos personagens será mesmo central na quarta temporada. "Há um mosaico a ser completado, até agora só vimos o passado e o presente", disseram, em entrevista ao especial "Lost Answers".
O que é mais intrigante é que eles afirmaram, em encontro com fãs numa feira em San Diego, que a coisa mais importante da série não será resolver a questão de "como os personagens vão sair da ilha"... Muito bem, então qual seria?

O futuro
Entre os acontecimentos principais do começo da quarta temporada estarão a volta de Michael, que tinha conseguido escapar com o filho Walt, a história da louquinha Libby e um pouco mais do que a selvagem Rousseau andou fazendo por ali nos últimos 16 anos.
"Lost" deverá ter ainda mais 48 episódios, divididos em três temporadas de 16 cada uma. Ou seja, quem estiver angustiado demais, melhor procurar sua própria fórmula de túnel do tempo para saber como isso tudo vai, finalmente, acabar.