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TELEVISÃO
Crítica
"Ben-Hur" com um rolo a menos era mais moderno
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não posso jurar, mas acho
que é Vladimir Safatle quem
conta a história do amigo que
foi ver "Ben-Hur" (TCM, 22h,
16 anos) num cinema, mas a cópia estava com um rolo faltando e, durante anos, acreditou
que o filme terminasse depois
da famosa corrida de bigas.
Durante anos ele conviveu
com um filme misterioso, no
qual questões não se resolviam.
É provável que tenha se decepcionado ao conhecer a versão
integral do filme, a certa, onde
tudo se fecha perfeitamente, à
maneira tradicional.
O "Ben-Hur" truncado, no
entanto, era um filme moderno
(por assim dizer), pois a trama
convive com arestas, com vazios. Em vez de respostas, traz
enigmas, uma tela povoada por
seres misteriosos, sem fim,
sem início, talvez sem razão de
ser. O "Ben-Hur" de hoje passará inteiro, clássico. Quem já o
viu truncado e moderno dificilmente engolirá tal pobreza.
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