|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LITERATURA
Escritora paulista falou ao público anteontem à noite no auditório da Folha
Lygia conta o adultério em Machado
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
"Tu não me
enganas mundo
E eu não te engano a ti"
Nesses versos
do poeta Carlos
Drummond de
Andrade, a escritora paulista Lygia Fagundes
Telles encontrou uma "epígrafe de
toda a obra machadiana".
Com essa epígrafe, a ocupante da
cadeira 16 da Academia Brasileira
de Letras (ABL) encerrou sua palestra sobre os personagens de Machado de Assis (1839-1908), anteontem à noite, na Folha.
A apresentação de Lygia abriu o
ciclo "Com Todas as Letras", promovido pela Folha e pela ABL, que
trará mensalmente a São Paulo
membros da Academia.
Lygia começou descrevendo a vida do autor "pobre, mulato, epilético, gago" que se tornou "o mais
importante escritor de todos os
tempos no Brasil" e fundou a Academia Brasileira de Letras em 1897.
Deteve-se, então, em duas palavras que explicam a natureza dos
personagens machadianos ou a
própria natureza humana: caviloso e embuçado. "Cavilosa é uma
pessoa astuta, perigosa. O estilo de
Machado é de personagens sombreados, velados, embuçados, escondendo o rosto com a gola do
casaco", afirmou.
Lygia discorreu principalmente
sobre dois temas na ficção machadiana: o adultério e a loucura.
O primeiro, o triângulo amoroso, tem seu mais consagrado
exemplo no romance "Dom Casmurro", que Lygia transformou
em roteiro de cinema junto com
Paulo Emílio Salles Gomes.
"A ignorância das pessoas sobre
a verdade é o que faz a força em
Machado de Assis. Para o leitor,
sobra uma decisão profunda."
Também contou o desafio de
reescrever "Missa do Galo" para
um livro organizado por Osman
Lins com cinco novas versões do
conto. "Eu gritava: olhem o relógio, façam alguma coisa! Mas não
podia trair o conto", afirmou.
No dia 19 de outubro, o ciclo continua com o escritor e crítico literário mineiro Antonio Olinto.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|