São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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TELEVISÃO

"Prova de Amor", novela que estréia no dia 24, tem como missão inaugurar a produção carioca da emissora

Record prepara seu "arsenal" contra "Bang Bang" da Globo

Record/Agência Pedra Viva
André Mattos (Padilha) e Vanessa Gerbelli (Elza) em cena de "Prova de Amor", da Rede Record


MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Enquanto a Globo exibe seus duelos em "Bang Bang", a Rede Record prepara uma ofensiva familiar na tentativa de obter respeito no ramo e se aproximar da concorrência.
"Nossa novela é para toda a família. Tem amor, ação, aventura, sol e praia. É um folhetim muito gostoso, que prende o espectador. Não é um dramalhão e toca muito nas relações pessoais e familiares", diz o diretor da produção, Alexandre Avancini, 41, dos quais 22 anos foram dentro da Globo. "Vi uma proposta séria de investimento e trabalho na Record de muita segurança. Achei que eu teria mais espaço no sentido artístico, mais livre e completo."
A começar pela mudança de endereço da dramaturgia, com a compra dos estúdios no Rio de Janeiro -onde instalou o já apelidado Recnov (Record Novelas), uma versão reduzida do Projac (Central Globo de Produção)-, a emissora paulista faz a maior investida de toda a sua história.
Com gravações em estúdios e grande parte de externas -nas ruas (Barra da Tijuca, Recreio e Vargem Grande), nas praias (Grumari) e em locações como uma mansão no Leblon (zona sul)-, "Prova de Amor" estréia no dia 24 com a missão de inaugurar a produção carioca -e com sotaque- do canal, antes território exclusivo da Globo.
Para fazer "Prova de Amor", contratou dezenas de profissionais técnicos que eram da Globo e tirou de dentro da emissora importantes peças da dramaturgia, como atores da tarimba de Lavínia Vlasak, Leonardo Vieira, Heitor Martinez, André Mattos, Vanessa Gerbelli e Marcelo Serrado, além do diretor-geral. "Fazia tempo que eu não pegava uma equipe tão empolgada com o trabalho."
O investimento é ousado, talvez mais do que o proposto pela novela que a Globo colocou no horário e que vai competir diretamente com "Prova de Amor", programada para as 19h15. A Record não fala em valores, só divulga que pagou R$ 8 milhões pelo complexo de estúdios e por terrenos ao lado, para onde pretende expandir.
Segundo Hiran Silveira, 49, diretor de dramaturgia da emissora, cada capítulo deve custar US$ 45 mil (cerca de R$ 103 mil) -a Globo diz que cada capítulo custa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. "Vamos brigar pelo primeiro lugar. A gente sabe que tem que passar pelo segundo, mas o alvo é o primeiro. Para isso, precisamos de dramaturgia. Vamos colher rapidamente o que estamos plantando."
Quando a Folha visitou os quatro estúdios do Recnov, na semana passada, havia grande circulação de pessoas pelos corredores -estima-se que cerca de 500 profissionais trabalhem diariamente no local-, onde não paravam de chegar novos equipamentos, como de iluminação, por exemplo, e cenários construídos no local.
"Prova de Amor" é um texto original de Tiago Santiago ("A Escrava Isaura") e, em princípio, terá 140 capítulos. Pelo roubo de um bebê de dentro da maternidade logo no primeiro capítulo, um dos eixos centrais da trama, pode-se afirmar que, além de ex-globais, a nova novela da Record é feita de elementos dos folhetins tradicionais.
Tabus à parte, "Prova de Amor" terá corpos seminus e cenas mais apimentadas do que as anteriormente vistas na emissora. É a tentativa que o canal faz de apagar a idéia de que sua programação seja vinculada à Igreja Universal, ligada à empresa, mas que, segundo seus executivos (a maioria ligada à igreja), não tem poder de veto.
Além do desaparecimento de crianças, "Prova de Amor" falará de experiências com células-tronco, traição e fará menções à história recente do país, como a queda do edifício Palace 2.
"Essas Mulheres", a produção de época que dará lugar à contemporânea "Prova de Amor", mantém uma média de dez pontos no Ibope. A esperança é crescer e até inaugurar, em 2006, um novo horário de novelas, às 21h, com a contratação de Lauro César Muniz, também ex-global, para escrever "Cidadão Brasileiro" (título ainda provisório).


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