São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Terror barato

Exibido em Cannes, "Colin" custou apenas 45 libras; dois outros filmes ajudam a impulsionar uma "zumbimania"

Divulgação
Zumbi em "Zumbilândia", filme que entra em cartaz em 4/12

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Vampiros, adeus. Oi, zumbis.
Conde Drácula e demais chupadores de sangue voltaram à moda impulsionados por eventos como a série "True Blood", o filme cult "Deixa Ela Entrar" e os livros de Stephenie Meyer. Pois chegou a vez de o mundo ser novamente tomado pelos mortos-vivos.
Filme que redefine a expressão "baixo orçamento", "Colin", narrado a partir do ponto de vista de um zumbi, custou apenas 45 libras (cerca de R$ 122) e foi exibido (e comentado) no mais recente Festival de Cannes. A produção britânica dirigida pelo estreante Marc Price será um dos destaques da Mostra de São Paulo, que começa no próximo dia 23.
A invasão dos zumbis aos cinemas segue com "Zumbilândia", misto de terror e comédia estrelado por Woody Harrelson que já abocanhou US$ 50 milhões em duas semanas de exibição nos EUA. E o mestre George Romero contribui com "Survival of the Dead", que já percorreu festivais no hemisfério Norte (leia nesta página).
Em entrevista à Folha, Price conta que teve a ideia de fazer um filme sobre zumbis quando dividiu apartamento em Londres com um maquiador.
"Começamos a chamar amigos para interpretarem zumbis para uma sequência. Queria fazer apenas uma espécie de "filme fake". Deu certo e me motivei a fazer um filme inteiro, mas não sabia por onde começar. Então tive a ideia de filmar pelo ponto de vista do zumbi."
Sem dinheiro, Price tomou algumas decisões.
"Vi o que tinha à disposição, como atores amadores e locações em volta, e escrevi a história em torno disso."
Colin é um adolescente que logo no início do filme é mordido por um dos zumbis que atacam uma cidade. O filme então o segue vagando pelas ruas. A câmera treme, os efeitos são mínimos, os diálogos, poucos.
Price diz que foi inspirado por cineastas como Peter Jackson, Robert Rodriguez, Kevin Smith e por "um fantástico diretor britânico chamado Shane Meadows".
"Filmamos usando duas câmeras de vídeo caseiras. Uma delas quebrou, então ficamos apenas com uma. Na essência, o filme é apenas eu filmando com essa câmera e Alastair Kirton [o ator que interpreta Colin] caminhando por ruas desoladas que você encontra em qualquer lugar", afirma.
"Publiquei anúncios convidando as pessoas a se maquiarem e participar das filmagens. Foi o espírito dessas pessoas, que realmente estavam a fim de participar, que ajudou a completar o filme. Tinha menos a ver com pagar um salário do que com dizer "por favor" e "obrigado", mostrar que estávamos agradecidos a elas por doarem seu tempo e jogarem sangue falso no corpo."
Segundo Price, "Colin" foi filmado e editado em um período de 18 meses. O som do filme foi totalmente trabalhado em seu quarto, em um laptop.
"Hoje em dia, até celulares são capazes de filmar, em alguns casos, com uma qualidade melhor do que a das câmeras que usei em "Colin"."
Sobre a exibição em Cannes, ele conta que pensava até em não ir ao festival francês.
"Achava que ia ser perda de tempo, que não seria notado em meio a 8.000 filmes. O agente que comercializou o longa me convenceu a ir. Felizmente, foi um ano carente de boas histórias, então alguém achou interessante o fato de o filme ter sido feito com tão pouco dinheiro e "Colin" passou a ser bem comentado."
Seu próximo filme terá orçamento maior, "mas não irresponsavelmente maior".


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