UOL


São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Netinho traz americanos para ensinar brasileiros

DA REDAÇÃO

O pagodeiro e apresentador da Record Netinho de Paula quer ser o Bill Cosby (comediante norte-americano de sucesso) brasileiro. Vem de Cosby sua inspiração para ser o protagonista de uma sitcom brasileira centrada em um personagem negro.
Mesmo sem ter garantia, em contrato, de que a Record irá exibir seu seriado, Netinho já está investindo no projeto. Ele se associou à Picante Pictures, uma produtora baseada em Miami (EUA).
Em parceria com a Picante -uma empresa nova, que não tem nenhum produto conhecido em seu portfólio-, Netinho vai bancar um workshop de 15 dias em um hotel no Rio, entre 25 de novembro e 9 de dezembro.
As estrelas do workshop serão três norte-americanos: a atriz, diretora e produtora Debbie Allen, que trabalhou em filmes (por exemplo, "Amizade", de Steven Spielberg, como produtora) e seriados ("Fame", "Cosby", entre outros), e os roteiristas Michael Ajakwe Jr. e Bentley Evans.
A partir de um anúncio em uma lista de discussões na internet, Netinho e a Picante receberam inscrições de 300 brasileiros interessados no projeto. Desses, 12 estão sendo selecionados e até seis podem ser contratados para trabalhar na sitcom de Netinho.
A idéia, diz Netinho, é treinar 12 brasileiros a fazer sitcom como os americanos. Além de palestras, os participantes do workshop desenvolverão a sinopse e o perfil dos personagens da série. E escreverão, juntos, quatro episódios.

"Brecha no mercado"
"Não temos estrutura para competir com a Globo, que tem os principais autores. A saída então é treinar novos roteiristas. Existe uma brecha no mercado para sitcoms. Quem se aperfeiçoar em sitcom vai ganhar mercado", afirma Netinho.
"Os americanos vão trabalhar como "doctors" [aqui, no sentido de consultores, supervisores]. Vão nos ensinar os segredos, quando tem de haver uma lágrima ou um sorriso. A gente escreve e eles analisam o "timing'", diz o apresentador.
Quase nada sobre o que será o seriado está definido. Segundo Netinho, Debbie Allen está estudando sua história. "Ela quer uma coisa bem real, no estilo de Bill Cosby", conta.
Netinho despertou o interesse da Picante Pictures por causa do sucesso de "Turma do Gueto", projeto original dele, do qual se afastou por não concordar com os rumos adotados, de ênfase na violência. A Picante está interessada em fazer TV no Brasil.
"A sitcom vai ser direcionada para o público do Netinho, das classes C e D. Será um programa popular", afirma David Morales, um dos donos da Picante, que já planeja um segundo programa para o Brasil.
A Record ainda não garante a exibição da sitcom. A emissora chegou a desenvolver um projeto de comédia de situação para Netinho, chamado "Muito Prazer", sobre um negro bem-sucedido que circula pela periferia. Mas não avançou.
A Rede TV! também planeja produzir uma sitcom em 2004, tanto que já analisa currículos e idéias de profissionais dispostos a encarar o formato.
Por enquanto, segundo Mônica Pimentel, diretora artística da emissora, não há nada confirmado para 2004. Certo mesmo, diz, apenas um especial de humor de fim de ano, a ser escrito, protagonizado e dirigido pelo apresentador João Kléber.
"Estamos analisando roteiros. Produzir sitcom será um ganho para a emissora, a nossa porta de entrada na teledramaturgia", afirma Pimentel. (DC)


Texto Anterior: Televisão: Globo testa no ar nova safra de sitcoms
Próximo Texto: Réquiem para a Cinelândia
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.