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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Miele vai lançar grife masculina
Carlos Miele segue a pleno
vapor. Em agosto, criou a Miele, segunda linha de sua grife,
mais jovem e menos cara. Anteontem, inaugurou sua loja em
Paris, na badalada rua Saint
Honoré. Agora, anuncia o lançamento de uma linha de roupas para noivas, a Carlos Miele
Bridal, e de uma grife para homens, a Miele Masculino (nome provisório), as duas para o
primeiro trimestre de 2008.
"As grifes brasileiras para homens são muito voltadas para o
próprio país. Quero fazer algo
mais cosmopolita, internacional, com estilo sóbrio e modelagens modernas. Também vou
usar tecidos sofisticados, o que
é raro na confecção masculina
brasileira", diz Miele.
O estilista tem mais novidades. Está inaugurando em Salvador, neste mês, a terceira loja
Miele (as outras duas já estão
nos shoppings Morumbi, em
São Paulo, e Leblon, no Rio).
Abre em dezembro a primeira
franquia da mesma grife em
Miami. E vai publicar no início
de 2008, nas principais revistas
do mundo, a sua primeira campanha publicitária mundial.
A estrela da campanha será
Carol Trentini, e as fotos foram
feitas por Michael Roberts, que
é um dos diretores da revista
"Vanity Fair". Roberts assina
ainda as imagens e a edição do
livro "Carlos Miele", um álbum
sobre o designer e o estilo brasileiro que vai ser lançado em
março próximo, em Paris.
A loja parisiense do estilista
terá papel fundamental nos
cálculos internacionais de Miele. Com dois andares e 230 m2,
custou US$ 1,5 milhão (cerca
de R$ 2,6 milhões). É a segunda
que ele abre fora do Brasil, depois da de Nova York. Ambas
foram feitas pelo arquiteto Hani Rashid, premiado pelo projeto da loja americana e irmão
do designer hype Karim Rashid
-que fez o projeto gráfico da
revista Moda, da Folha.
Os planos de Miele ainda não
acabaram. Em 2008, ele quer
expandir de 71 para 90 as lojas
da M.Officer, da qual é o único
dono e de onde vem a sua principal fonte de renda. "Sim, perdi a identidade da M.Officer
nos últimos anos", reconhece
ele. "Mas muito menos que as
outras marcas brasileiras de
jeanswear", rebate.
Ele quer concentrar sua
atenção na M.Officer, que deixou meio de lado enquanto cuidava de sua carreira internacional. "Vou trazer padrões novos para a M.Officer. Quero
prepará-la para a exportação,
pois pretendo competir com as
grandes corporações mundiais", afirma.
Trocando em miúdos: ele vai
aproximar a M.Officer do sistema de produção das marcas
"fast fashion". E aproveita para
fazer um diagnóstico a respeito
da crise do jeanswear fashion
brasileiro: "As grifes nacionais
preferiram vender as próprias
marcas e descuidaram dos produtos. Mas, atualmente, as pessoas pensam muito antes de
pagar caro por uma roupa. Não
é só a força da marca que interessa, mas o preço justo pelo
que você está oferecendo".
Para Miele, na moda, hoje, é
preciso distinguir personalidade de tendência. A segunda virou sobretudo um assunto da
indústria "fast fashion". "Se você quer só tendência, vai na Zara. Se quer personalidade e
roupa de alto padrão, vai numa
grife renomada, como a Dior".
Na opinião do estilista, para se
manter no mercado atual, uma
grife tem que ter personalidade
forte, "inclusive para não seguir tendências", ele diz.
Ambicioso e poderoso como
poucos no mercado fashion
brasileiro, Miele vai angariando pouco a pouco um renome
mundial que nenhum estilista
brasileiro conseguiu até agora.
No último desfile da grife
Carlos Miele em Nova York, arrebanhou vários elogios, inclusive da influente crítica Suzy
Menkes, do jornal "International Herald Tribune".
No meio da moda brasileira,
apesar do seu sucesso comercial, ele tem fama de possuir
uma personalidade polêmica e
irascível. Há anos está rompido, inclusive, com o diretor da
São Paulo Fashion Week, Paulo Borges. Mas Miele parece
não dar a mínima para o que falam dele por aqui. "Estudei em
nove colégios e fui convidado a
sair de sete. Nunca me interessei em ser o sujeito que quer
agradar aos outros", dispara.
com VIVIAN WHITEMAN
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