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RELÂMPAGOS
A nata do instante
JOÃO GILBERTO NOLL
Entrei no quarto 9. Do
meu quarto antigo costumava ver um lençol esvoaçando
num terraço. Perguntarão:
"E daí"? Daí que aquele lençol não era só um lençol.
Dentro dele, eu via, se descortinava um estro taciturno, a clamar aos meus ouvidos. "Siga-me até o centro
nervoso deste instante aqui,
este mesmo, banal, eu sei, e
já!" "Ai!", eu respondia. Um
enfermeiro me cobria agora.
Desconfiei ser o lençol do
terraço. Murmurei que eu
estava pronto para segui-lo.
Lembro de um entorpecimento. Que não deu tempo
de me preparar para depois.
Depois?
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