São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2000

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IMPRENSA

Publicação comemorativa da editora Abril faz apanhado que vai de "As Variedades", de 1812, até o ano 2000

Livro retrata 200 anos de revista no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Esta história começa nas ruas de Salvador, em janeiro de 1812. O português Manoel Antonio da Silva Serva carrega nas mãos maços mal encadernados de folhas de papel. O editor, tipógrafo e livreiro tentava vender exemplares do primeiro número de "As Variedades ou Ensaios de Literatura".
Silva Serva não teve êxito, tanto que só produziu um segundo exemplar de "As Variedades". Mas esse folheto de 30 páginas, sem fotos ou ilustrações, que ele trazia na mão entrou para a história como a primeira revista do Brasil. Pelo menos essa é a versão de "A Revista no Brasil", livro que a editora Abril está lançando para comemorar seus 50 anos.
Fruto de dois anos de trabalho de uma equipe de dezenas de pesquisadores e jornalistas, a obra alia uma farta iconografia sobre as publicações mais variadas com textos que procuram mapear as principais características da revistaria brasileira.
Com uma linguagem também "revisteira", feita de colagem de ilustrações, fotografias e textos breves, a publicação faz uma espécie de história informal dos últimos 200 anos do país.
Da Independência ficaram poucas marcas nos periódicos. De acordo com o livro, as revistas só passariam a dar tratamento jornalístico para os grandes acontecimentos políticos nacionais na Guerra do Paraguai. Em 1865, os leitores de "Semana Illustrada" puderam ver, em um desenho que reproduzia uma foto, como tinha sido a partida de tropas brasileiras para o combate.
Mas nem sempre imagens com a maior importância iam para a capa das revistas. No início, a face dos periódicos trazia com frequência ilustrações sem relação com o que a publicação trazia no seu interior. Segundo "A Revista no Brasil", o primeiro órgão a sistematizar o uso de informação jornalística na capa teria sido "O Cruzeiro", nos anos 40. A publicação semanal criada por Assis Chateaubriand é, por sinal, destacada no livro como "a revista que consagraria a reportagem" no Brasil.
Mas o "livro-revista" da editora Abril não aborda só aspectos jornalísticos. A obra tem, por exemplo, capítulos apenas sobre a publicidade nas revistas ou sobre o desenvolvimento de alguns segmentos específicos, como as revistas de humor, de cultura ou as eróticas, como as pioneiras "O Badalo", "O Nabo" e o "Ferrão", todas do século 19.
"A Revista no Brasil" também dá amplo destaque para aspectos gráficos das publicações. Aborda desde "Museo Universal", revista de 1837 que tinha desenhos como principal atração, até gráficos premiados da revista "Superinteressante", de 1999, passando pela série de desenhos "As Garôtas", sucesso em "O Cruzeiro", e pela elegância da revista "Senhor", criada no final dos anos 50.
O trabalho dá espaço ainda para aqueles que estiveram por trás dos periódicos. No capítulo "Fazedores de Revista" estão perfis sucintos de jornalistas, fotógrafos ou ilustradores que marcaram a história de grandes publicações.
Em "Construtores de Impérios", há biografias dos fundadores dos grandes grupos editoriais ligados a revistas. Os maiores perfis dessa seção, que trata de Assis Chateaubriand, Roberto Marinho, Adolpho Bloch e Domingos Alzugaray, são os de Victor Civita e de Roberto Civita, criador e atual presidente da editora Abril.


Livro: A Revista no Brasil
Autor: vários
Editora: Abril
Quanto: R$ 39 (250 págs.)




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