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FOTOGRAFIA
A mostra "ArteFoto", inaugurada hoje no Rio, reúne 61 artistas que usam a foto como meio
Pincel contemporâneo
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Em vez de pincéis, as câmaras
fotográficas são os instrumentos
mais comuns entre os artistas
plásticos contemporâneos. Esta é
a tese da curadora Ligia Canongia, com a mostra "ArteFoto", que
é inaugurada hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. "ArteFoto" apresenta obras
de 61 artistas em três módulos por
ordem cronológica e quatro salas
especiais.
O primeiro módulo trata dos
anos 40, já que, segundo a curadora, esse foi o período em que os
"artistas realizaram experiências
mais sistemáticas com fotografias". Dessa época, Canongia selecionou apenas dois artistas: Geraldo de Barros e Athos Bulcão.
O grupo cresce de fato no módulo dos anos 70: são dez artistas,
a maioria em atividade, como Antonio Dias, Antonio Manuel e Anna Bella Geiger. "Esse foi o período da experimentação por excelência", diz Canongia.
Já no módulo Momento Atual,
há uma explosão de nomes. Grande parte dos artistas contemporâneos utiliza-se da fotografia, caso
de Edgard de Souza, com grande
produção em objetos escultóricos
ou de Marepe, com instalações.
"Como o artista contemporâneo
tem uma ansiedade de conhecimento muito grande, todas as formas de expressão são válidas. Por
isso, a foto tornou-se um dos instrumentos mais comuns", diz Canongia. Mas então, por que a fotografia é privilegiada? "Cada vez
mais a arte está perdendo seu fazer artesanal, e soluções ágeis são
necessárias. É quando chega o
momento do clique", explica.
Dentro da vasta seleção, há um
pequeno grupo que trabalha com
a fotografia como suporte, caso de
Mario Cravo Neto, Vicente de
Mello e Cássio Vasconcellos.
"Creio que esse grupo tende a aumentar", afirma a curadora.
E, como em toda seleção, há
sempre opções polêmicas. Em
"ArteFoto" ela talvez ocorra por
causa de uma ausência: Sebastião
Salgado, o fotógrafo brasileiro
mais reconhecido internacionalmente, não foi incluído. "Ele é um
elemento polêmico pois trabalha
na área fronteiriça entre arte e fotojornalismo. Depende da sensibilidade de cada curador", diz Canongia.
A mostra apresenta ainda quatro salas especiais. A primeira e
mais abrangente é dedicada a
Alair Gomes, que comparece com
65 imagens. Segundo a curadora,
"o Alair não teve reconhecimento
em vida e foi um precursor, pois
tem um imenso conjunto com o
tema da sexualidade masculina".
Carlos Vergara é outro artista a
ganhar uma sala especial. "Ele
tem apenas uma experiência com
fotografia, uma série com o bloco
de carnaval Cacique de Ramos.
Decidi apresentá-la pois nunca foi
exposto em conjunto, e busquei
apresentar obras pouco vistas".
Dentro dessa lógica, a curadora
selecionou ainda a série "Negativo Sujo", de Miguel Rio Branco
para uma sala especial. Finalmente, a quarta sala coube a Arthur
Omar, com a obra "Antropologia
da Arte Gloriosa". "É um dos
mais importantes trabalhos que
mistura várias mídias", diz Canongia.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da produção da mostra "ArteFoto".
ARTEFOTO - Mostra que reúne trabalhos
de 61 artistas plásticos em fotografia.
Curadoria: Ligia Canongia. Onde: Centro
Cultural Banco do Brasil (r. Primeiro de
Março, 66, Centro, Rio, tel. 0/xx/21/3808-2020). Quando: abertura hoje (para
convidados); de ter. a dom., das 12h às
20h. Até 28/02/2003. Quanto: grátis
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