São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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FOTOGRAFIA

A mostra "ArteFoto", inaugurada hoje no Rio, reúne 61 artistas que usam a foto como meio

Pincel contemporâneo

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em vez de pincéis, as câmaras fotográficas são os instrumentos mais comuns entre os artistas plásticos contemporâneos. Esta é a tese da curadora Ligia Canongia, com a mostra "ArteFoto", que é inaugurada hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. "ArteFoto" apresenta obras de 61 artistas em três módulos por ordem cronológica e quatro salas especiais.
O primeiro módulo trata dos anos 40, já que, segundo a curadora, esse foi o período em que os "artistas realizaram experiências mais sistemáticas com fotografias". Dessa época, Canongia selecionou apenas dois artistas: Geraldo de Barros e Athos Bulcão.
O grupo cresce de fato no módulo dos anos 70: são dez artistas, a maioria em atividade, como Antonio Dias, Antonio Manuel e Anna Bella Geiger. "Esse foi o período da experimentação por excelência", diz Canongia.
Já no módulo Momento Atual, há uma explosão de nomes. Grande parte dos artistas contemporâneos utiliza-se da fotografia, caso de Edgard de Souza, com grande produção em objetos escultóricos ou de Marepe, com instalações. "Como o artista contemporâneo tem uma ansiedade de conhecimento muito grande, todas as formas de expressão são válidas. Por isso, a foto tornou-se um dos instrumentos mais comuns", diz Canongia. Mas então, por que a fotografia é privilegiada? "Cada vez mais a arte está perdendo seu fazer artesanal, e soluções ágeis são necessárias. É quando chega o momento do clique", explica.
Dentro da vasta seleção, há um pequeno grupo que trabalha com a fotografia como suporte, caso de Mario Cravo Neto, Vicente de Mello e Cássio Vasconcellos. "Creio que esse grupo tende a aumentar", afirma a curadora.
E, como em toda seleção, há sempre opções polêmicas. Em "ArteFoto" ela talvez ocorra por causa de uma ausência: Sebastião Salgado, o fotógrafo brasileiro mais reconhecido internacionalmente, não foi incluído. "Ele é um elemento polêmico pois trabalha na área fronteiriça entre arte e fotojornalismo. Depende da sensibilidade de cada curador", diz Canongia.
A mostra apresenta ainda quatro salas especiais. A primeira e mais abrangente é dedicada a Alair Gomes, que comparece com 65 imagens. Segundo a curadora, "o Alair não teve reconhecimento em vida e foi um precursor, pois tem um imenso conjunto com o tema da sexualidade masculina".
Carlos Vergara é outro artista a ganhar uma sala especial. "Ele tem apenas uma experiência com fotografia, uma série com o bloco de carnaval Cacique de Ramos. Decidi apresentá-la pois nunca foi exposto em conjunto, e busquei apresentar obras pouco vistas".
Dentro dessa lógica, a curadora selecionou ainda a série "Negativo Sujo", de Miguel Rio Branco para uma sala especial. Finalmente, a quarta sala coube a Arthur Omar, com a obra "Antropologia da Arte Gloriosa". "É um dos mais importantes trabalhos que mistura várias mídias", diz Canongia.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da produção da mostra "ArteFoto".

ARTEFOTO - Mostra que reúne trabalhos de 61 artistas plásticos em fotografia. Curadoria: Ligia Canongia. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Primeiro de Março, 66, Centro, Rio, tel. 0/xx/21/3808-2020). Quando: abertura hoje (para convidados); de ter. a dom., das 12h às 20h. Até 28/02/2003. Quanto: grátis



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