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PRADO EM MINAS
Coleção planeja também volume sobre cidades históricas de MG; São Paulo ganha livro de Paulo Caruso
"Cidades Ilustradas" redesenhará Salvador e Curitiba
FREE-LANCE PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A coleção "Cidades Ilustradas",
lançada pela editora mineira Casa
21, teve início com a ida do desenhista francês Jano ao Rio de Janeiro no ano 2000 -visita que,
além de um álbum composto pelas aquarelas do ilustrador, ainda
rendeu o documentário "Rio de
Jano", de Eduardo Souza Lima,
Anna Azevedo e Renata Baldi, espécie de making of do livro.
Depois da BH de Prado, os próximos volumes trarão a versão de
dois cariocas -Marcello "Gaú"
Quintanilha e César Lobo- para
Salvador e Curitiba, respectivamente. A editora ainda quer um
mesmo número retratando as "cidades do ouro" mineiras: Tiradentes, São João del Rey e Congonhas, no traço de Marcelo Llelis.
São Paulo de Caruso
Se o francês Jano e o espanhol
Prado se saíram bem ao esquadrinhar Rio e BH, fatiar a "grande
pizza, de todos os sabores" que é
São Paulo exige mãos um tanto
mais hábeis: as de um filho de Aurora com Madalena, de Paulo até
no próprio nome.
"São Paulo por Paulo Caruso",
que a editora MM Comunicação e
a Imprensa Oficial do Estado lançaram no início deste mês, é tanto
uma homenagem quanto uma
piada de bom gosto que o cartunista preparou para o aniversário
de 450 anos da cidade.
Uma divertida jornada de
(re)descoberta que percorre desde a "arquitetura chantilly" do
centro histórico até as heróicas
mas nem tão plácidas margens do
Ipiranga; das construções dos
modernos Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas ao "estilo portfólio"
das modernosas av. Paulista e av.
Luiz Carlos Berrini.
São Paulo é um embate de personagens: "Como nas melhores
famílias, quando algumas facções
se encontram, a gente sempre espera que o pior aconteça e a coisa
desande em briga (...) Há um lugar privilegiado para se assistir a
esse confronto a céu aberto das
nossas origens. É o vale do
Anhangabaú, onde o Martinelli se
encontra com o Banespa sob o
olhar distante do Banco do Brasil
e do pai de todos (...) o edifício
Sampaio Moreira", escreve Caruso no texto que acompanha os retratos/caricaturas dos principais
bairros e marcos turísticos.
Da personalidade à ausência dela, Caruso viaja ao Bom Retiro,
antigo reduto de judeus. O que vê
são ideogramas coreanos, fachadas coloridas e uma revoada de
IPSs ("Indivíduo Portador de Sacola").
Tampouco a imponência do
prédio dos Correios resiste ao
tempo: "Parar diante de um prédio desses é como ouvir ópera.
Exige um certo enlevo para o qual
milhares de camelôs ao redor
contribuem com uma sinfonia de
música incidental, orquestrada à
maneira de Tom Zé".
Ao quadriculado monocromático do antigo Liceu de Artes e
Ofícios do arquiteto Ramos de
Azevedo, hoje Pinacoteca do Estado, somam-se agora mosaicos
coloridos de Volkswagen, Fiat,
Ford e cia., pilotados não raro por
quem, nota, "nunca sequer ouviu
falar em Almeida Júnior".
Caruso não deixa, contudo, de
louvar e imaginar, como artista
que é, a sua própria São Paulo dos
sonhos. Além da estação do metrô Sumaré, um "gol de placa" do
artista plástico Alex Fleming, Caruso continua a idealizar uma São
Paulo mais bonita, como, por
exemplo, no dia em que dos Jardins da av. Brasil e arredores se fizerem o Central Park da capital. É
que a cidade precisa respirar.
(ALEXANDRE MATIAS E DIEGO ASSIS)
SÃO PAULO POR PAULO CARUSO.
Editoras: MM Comunicação e Imesp.
Preço: R$ 100 (160 págs.)
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