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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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MÚSICA

Por US$ 400 mil, país é estrela da abertura e inspira decoração da mais importante feira musical do mundo

Brasil tenta fincar a bandeira no Midem

Maristela Martins/Folha Imagem
O violonista Yamandú Costa, que faz parte do grupo de brasileiros que se apresenta no Midem


ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL

O produto-exportação cultural "made in Brazil" mais conhecido no mundo aposta suas fichas durante cinco dias na maior vitrine do mercado fonográfico mundial, em Cannes, no litoral sul francês.
A partir do próximo domingo, uma delegação de sete artistas e grupos, além de 20 gravadoras ou distribuidoras independentes brasileiras, vai ao Midem, a maior feira do disco do mundo.
Nunca o Brasil investiu tão ostensivamente no Midem. A começar do aspecto institucional, com presença confirmada de Gilberto Gil, que já esteve no evento como artista, na década de 70.
Este retorno de Gil, o ministro, se dá em condições bastante diversas. A crescente profissionalização de selos desvinculados das grandes corporações do disco ganha agora seu maior impulso de credibilidade, com a escolha do Brasil como país tema.
A honraria é relativa. Para ter direito de monopolizar os shows da noite de abertura e ser fonte de inspiração de toda a decoração da feira, o país interessado precisa desembolsar US$ 150 mil -bancados, neste caso, pela Embraer, Sebrae nacional, Brasil Música & Artes (BM&A) e Apex (órgão do Ministério da Indústria e Comércio Exterior), com apoio do escritório da música francesa no Brasil (BEMF) e dos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. O custo total do investimento é de cerca de US$ 400 mil.
A BM&A é a responsável pela representação brasileira. Os nomes foram pinçados no universo das empresas afiliadas à BM&A, da qual as majors não fazem parte -embora não haja restrições.
A escolha foi feita pelo consultor internacional André Midani, pelo produtor cultural Sergio Ajzemberg e por Bruno Boulay, do BEMF, todos desvinculados de selos ou da BM&A. A ênfase esteve na diversidade de gêneros.
Alternam-se nas salas Mediterranée e Ambassadeurs do Palácio dos Festivais nomes da nova geração como Cabruêra (Nikita), Veiga e Salazar (ST2), Barbatuques (MCD World Music) e Yamandú Costa (Eldorado).
Fecham a esquadra nacional os "experimentados" Armandinho (gravadora Visom) e Roberto Menescal -este, duplamente, na dobradinha com Márcia Salomon (Dabliú) e na parceria de verniz eletrônico drumnbossa do Bossacucanova (Cucamonga Records).
Estima-se a presença de dez mil participantes na feira. O catálogo brasileiro levado ao evento beira 500 títulos. "A gente acredita que seja um divisor de águas da relação da música brasileira com o exterior", diz Costa Netto.
Nem por isso há ingenuidade. "A ida à feira, sozinha, não resolve", diz Midani. "É preciso entender isso como um plano mais ambicioso, com ações sistemáticas do governo, subvenções e suporte à exportação da música brasileira, que precisa ter continuidade."

Ouça trechos de músicas dos participantes brasileiros na www.folha.com.br/ilustrada


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