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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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MÚSICA/LANÇAMENTO

O toque de Missy

Associated Press
A cantora Missy Elliott, 18 kg mais magra, e sua trupe durante ensaio para apresentação no American Music Awards, que aconteceu na última segunda-feira, nos EUA



Com o conceitual e nostálgico "Under Construction", recém-lançado no país, a cantora norte-americana comete obra-prima do hip hop


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Apologia às armas, batalhas verbais, abuso às mulheres, agressões e mortes. São acontecimentos associados ao cenário hip hop há anos. Até agora. Porque, com "Under Construction", Missy Elliott incita todos a participarem de sua festa. E, vindo de quem vem, é uma ordem.
Em seu quarto disco, recém-lançado no Brasil, Missy Elliott serve-se do passado para traçar o futuro.
É lembrando e usando referências dos anos 80, de gente como Run DMC, Beastie Boys, Public Enemy, Eric B. & Rakim e Boogie Down Productions, de uma época em que rivalidades eram resolvida em duelos de rimas, que ela se firma não apenas como "a" melhor rapper do momento, mas como "o" melhor rapper do momento. Não há ninguém acima dela. Ao lado, talvez, só Eminem.
Mas não há similaridades entre a música de Elliott e de Eminem.
Enquanto o último -por meio de seus múltiplos personagens- escancara sua vida e a de seus familiares em suas rimas espertas, ela prefere tirar um sarro de si mesma, é desavergonhadamente erótica ("I'm not a prostitute, but I can give you what you want", durante o vibrante single "Work It"). E brinca com a fama ("I know by the time I finish this line I'll hear this on the radio", em "Gossip Folks").
Com a ajuda do produtor Timbaland (que trabalhou também no fundamental "Miss E... So Addictive", de 2001), Missy Elliott compôs em "Under Construction" pérolas sensuais ("Funky Fresh Dressed"), alegres, para cima ("Slide"), de batidas quebradas, voltadas para a pista ("Go to the Floor").
O disco é, no final das contas, um álbum conceitual (praticamente todas as músicas usam referências do hip hop dos 80 para conclamar uma reviravolta na atitude rapper atual) mas -o mais interessante- com canções independentes, que têm vida própria quando pinçadas uma a uma, separadamente.
Essa superioridade absurda de Missy Elliott quando comparada a outros rappers atuais já vinha sendo ensaiada desde "Miss E...", que continha as deliciosas "Get Ur Freak On" "One Minute Man" e "4 My People".
Com instinto raro para construir hits instantâneos, Elliott é frequentemente chamada para colaborar/produzir/escrever/ cantar com um leque enorme do hip hop e do r&b.
Já foram beneficiados pelo toque pessoal de Elliott Aaliyah, Whitney Houston... (leia quadro ao lado).
Neste seu último álbum, ela consegue juntar o que de melhor já produziu desde que começou disparar rimas, no Estado da Virgínia, há quase dez anos.
Aparece também 18 kg mais magra; ela diz que não foi por questões estéticas, mas exigência médica, devido à sua pressão sanguínea.
"Under Construction", nostálgico e futurista ao mesmo tempo, é uma obra-prima do hip hop. Missy Elliott pegou o leme e está guiando o resto.


Under Construction
    
Artista: Missy Elliott
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 30, em média



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