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ARTES
A instalação experimental "Paz Cega" é a representante brasileira em mostra na galeria mais famosa do Reino Unido
Estudantes brasileiros expõem na Tate
LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO
Ter sua obra exposta na galeria
Tate Modern, em Londres, não é
pouco para o currículo de um artista. E eis que estudantes do ensino médio de uma escola pública
da cidade mineira de Pouso Alegre alcançam o feito.
A partir do dia 19, a instalação
"Paz Cega", do trio Ana Carolina
Ferreira de Oliveira, Giancarlo
Thales Camilo da Silva e Paulo
Marcos Ribeiro, todos de 16 anos,
será exibida sob o mesmo teto de
espaço que abriga obras de Warhol, Picasso, Dalí, Matisse.
Vencedores brasileiros de um
concurso promovido pela Unilever em parceria com a Tate em
150 países, os três embarcaram
em uma dupla viagem -a maior
de suas vidas até agora. Seguem
para a abertura da mostra em
Londres. "Juiz de Fora foi o lugar
mais distante que conheci", conta
Ribeiro. E descobriram as artes
por meio da criação. "Queríamos
retratar a realidade. Fazê-la caber
numa caixa. Mas não sabíamos
como", diz Silva.
Após capacitação de professores orientada pela arte-educadora
Mirian Martins, o mote "Mostre-me! Conte-me! Conectando e Comunicando", idealizado pelo artista americano Bruce Nauman
-somado às fotos de uma instalação do próprio Nauman e de
obras das americanas Jenny Holzer e Bárbara Kruger e dos brasileiros Alex Flemming e Carmela
Gross-, foi trabalhado em aula,
servindo de "saca-rolha para a
produção de arte contemporânea", nas palavras de Martins.
Ao todo, 200 trabalhos de estudantes brasileiros concorreram.
Destes, três foram escolhidos pelo
júri -formado pela designer Bia
Fioretti, a curadora Kátia Canton,
o artista Paulo Portella Filho e a
professora Olga Egas- e enviados a Londres. De lá veio a notícia.
"Não acreditei quando ligaram da
escola e disseram que nosso trabalho foi o vencedor. Todos ficaram muito orgulhosos de nós.
Ainda não acredito", diz Oliveira.
"Numa brincadeira, sugeri que
colocássemos um olho mágico
numa caixa de madeira", lembra
Ribeiro. Dentro dela, os mineiros
compuseram uma imagem do
mundo que os cerca, visto de um
ponto de vista mais real que mágico. "As flores e a imagem do Cristo Redentor com uma bola de futebol nos pés, recortada de uma
revista da minha mãe, representam a paz. Os ossos, a guerra", explica Oliveira.
"Mas queríamos que também
fosse vista de outros ângulos",
destaca Ribeiro. Aberta, a caixa
revela ainda uma visão planetária.
Ganhador do concurso anterior, com "Retirantes Até Guando", Felipe César Rodrigues, 17,
antecipa aos colegas o resultado
da experiência de ver seu trabalho
exposto na Tate: "Tudo mudou. A
arte faz parte da minha vida".
Até o início de março, "Paz Cega" será exposta ainda no The National Theatre, também em Londres, antes de voltar ao Brasil.
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