São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2000


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RELÂMPAGOS
Golpe no bar

JOÃO GILBERTO NOLL

"Em maio de 64, ressuscitando do meu primeiro choque insulínico, perguntei a esmo como estava o governo Goulart. Uma voz falou do golpe de março. Hoje sei, era a voz do meu pai." O amigo que me ouvia contar se afastou. Não sabia acolher as postas das lembranças dos desmemoriados. Fui atrás. Ele estava no banheiro do bar. No chão, morto. Bati no meu peito. Desatinada liturgia de um clérigo sem bandeira. O garçom ofereceu o pano pendurado no seu braço. Cobri as feições da vítima inesperada. Meu sóbrio amigo, o primeiro corpo que eu teria de enterrar.


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