São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

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GASTRONOMIA

VINHOS

À procura de clima ameno, produtores exploram vales de San Antonio e Limarí

Chile busca novas fronteiras para sua produção vinífera

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Buscar terras com climas mais amenos, que permitam um amadurecimento lento e longo das uvas (para obter vinhos menos alcoólicos, mais vivazes e elegantes, com certa pátina européia) parece ser a ordem do dia nos países vinícolas do Novo Mundo.
Como fruto dessa cruzada, os viticultores australianos, por exemplo, se instalaram nos terrenos de Mount Barker e Frankland, no canto sudoeste do continente, vizinhos à costa e beneficiados pelas temperaturas mais frias que propicia o mar, ou os sul-africanos em Elgin e Darling, regiões próximas do Atlântico.
Com o mesmo objetivo, o Chile também está à procura de outras fronteiras. A primeira encontrada foi o vale de Casablanca, um corredor que se estende entre as cidades de Santiago e Viña del Mar, que desde o fim da década de 90 é responsável por alguns dos melhores brancos chilenos (e alguns deliciosos Pinot Noir). Somam-se agora a ela outras duas novíssimas áreas, ambas nas cercanias do Pacífico, os vales de San Antonio e Limarí, que deverão integrar em breve a lista dos principais berços vinícolas chilenos.
O vale de Limarí fica no norte do país, entre a cidade de Ovalle e a costa, a cerca de 400 quilômetros de Santiago. Um dos últimos empreendimentos foi a Viña Tabalí. A casa, que conta com cerca de 151 hectares de vinhedos próprios, forma parte da Viña San Pedro (ao qual pertence também a Viña Santa Helena), um grupo importante, que ocupa o terceiro lugar em vendas no Chile e o segundo em exportação.
A San Pedro tem realizado ultimamente investimentos em vinícolas menores, dedicadas a vinhos "premium" como a Altaïr, que elabora a bebida de mesmo nome assinada pelo enólogo francês Pascal Chatonnet, um tinto (caríssimo, custa R$ 360 a garrafa) criado para ocupar um lugar no primeiro time do Chile.
A Viña Tabalí é outra estreante na ala de cantinas "butique" da San Pedro. Porém, diferentemente da Viña Altaïr, o portfolio da firma de Limarí mostra produtos sem arroubos de grandeza, com os pés no chão e, ponto fundamental hoje em dia, com uma melhor relação custo-benefício.
Entre os tintos da casa -todos de corpo médio, macios, que se bebem fácil, ideais para acompanhar uma refeição- há dois destaques, ambos da linha Reserva e safra 2002. O primeiro é o Shiraz, bem marcado por frutas vermelhas adicionadas de baunilha e toques de tabaco, com boa acidez e persistência. O segundo é o Merlot, com boa complexidade.
Na ala branca, a Tabalí tem um Sauvignon Blanc 2004, de paladar com boa acidez, vivaz, típico da variedade e um belo Chardonnay, o Reserva Especial 2003, que exibe no copo pinceladas firmes de cravo e torrefação embrulhando fruta madura, num final longo.
Já o de San Antonio (localizado ao oeste da capital) uma das melhores novidades é a Viña Matetic. A adega tem no seu elenco bons tintos, mas um dos mais atraentes é o EQ Chardonnay 2002, um branco de aroma rico e paladar nervoso, com boa acidez e boa expressão dos novos vales do Chile.


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