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GASTRONOMIA
VINHOS
À procura de clima ameno, produtores exploram vales de San Antonio e Limarí
Chile busca novas fronteiras para sua produção vinífera
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Buscar terras com climas mais
amenos, que permitam um amadurecimento lento e longo das
uvas (para obter vinhos menos alcoólicos, mais vivazes e elegantes,
com certa pátina européia) parece
ser a ordem do dia nos países vinícolas do Novo Mundo.
Como fruto dessa cruzada, os
viticultores australianos, por
exemplo, se instalaram nos terrenos de Mount Barker e Frankland, no canto sudoeste do continente, vizinhos à costa e beneficiados pelas temperaturas mais
frias que propicia o mar, ou os
sul-africanos em Elgin e Darling,
regiões próximas do Atlântico.
Com o mesmo objetivo, o Chile
também está à procura de outras
fronteiras. A primeira encontrada
foi o vale de Casablanca, um corredor que se estende entre as cidades de Santiago e Viña del Mar,
que desde o fim da década de 90 é
responsável por alguns dos melhores brancos chilenos (e alguns
deliciosos Pinot Noir). Somam-se
agora a ela outras duas novíssimas áreas, ambas nas cercanias
do Pacífico, os vales de San Antonio e Limarí, que deverão integrar
em breve a lista dos principais
berços vinícolas chilenos.
O vale de Limarí fica no norte
do país, entre a cidade de Ovalle e
a costa, a cerca de 400 quilômetros de Santiago. Um dos últimos
empreendimentos foi a Viña Tabalí. A casa, que conta com cerca
de 151 hectares de vinhedos próprios, forma parte da Viña San
Pedro (ao qual pertence também
a Viña Santa Helena), um grupo
importante, que ocupa o terceiro
lugar em vendas no Chile e o segundo em exportação.
A San Pedro tem realizado ultimamente investimentos em vinícolas menores, dedicadas a vinhos "premium" como a Altaïr,
que elabora a bebida de mesmo
nome assinada pelo enólogo francês Pascal Chatonnet, um tinto
(caríssimo, custa R$ 360 a garrafa)
criado para ocupar um lugar no
primeiro time do Chile.
A Viña Tabalí é outra estreante
na ala de cantinas "butique" da
San Pedro. Porém, diferentemente da Viña Altaïr, o portfolio da
firma de Limarí mostra produtos
sem arroubos de grandeza, com
os pés no chão e, ponto fundamental hoje em dia, com uma melhor relação custo-benefício.
Entre os tintos da casa -todos
de corpo médio, macios, que se
bebem fácil, ideais para acompanhar uma refeição- há dois destaques, ambos da linha Reserva e
safra 2002. O primeiro é o Shiraz,
bem marcado por frutas vermelhas adicionadas de baunilha e toques de tabaco, com boa acidez e
persistência. O segundo é o Merlot, com boa complexidade.
Na ala branca, a Tabalí tem um
Sauvignon Blanc 2004, de paladar
com boa acidez, vivaz, típico da
variedade e um belo Chardonnay,
o Reserva Especial 2003, que exibe
no copo pinceladas firmes de cravo e torrefação embrulhando fruta madura, num final longo.
Já o de San Antonio (localizado
ao oeste da capital) uma das melhores novidades é a Viña Matetic.
A adega tem no seu elenco bons
tintos, mas um dos mais atraentes
é o EQ Chardonnay 2002, um
branco de aroma rico e paladar
nervoso, com boa acidez e boa expressão dos novos vales do Chile.
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