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Crítica
"A Rainha" questiona a monarquia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"A Rainha" (TC Pipoca,
20h) apanha Elizabeth 2ª às
voltas com a maior crise de seu
reinado: a morte de Diana, a
impiedosa invasão da vida privada dos Windsor pela imprensa e a chegada ao poder de um
primeiro-ministro (Tony
Blair) sem apego às tradições.
Pior do que isso: ninguém
nunca botou fé em Elizabeth e
em seu séquito, tido cada vez
menos secretamente por um
bando de parasitas sem função
no reino de Inglaterra.
Diana, a ex-princesa, era,
nesse quadro, uma personagem tremendamente ambígua:
com sua beleza e modernidade,
fora responsável pelo ressurgimento do prestígio da família
real. Mas seus hábitos a tornaram uma figura midiática, portanto fora da tradição.
A morte de Diana (já então
ex-princesa) coloca questões
inéditas para a rainha, entre as
quais a hostilidade da população e a necessidade de mudar
padrões de comportamento.
Como vai se virar a sóbria
Elizabeth nessa circunstância
inédita? Eis o que o filme de
Stephen Frears procura (e consegue, creio eu) responder com
escrúpulo e talento. Houve
quem ficasse um tanto decepcionado com o filme, por não
refletir, simplesmente, aquilo
que a mídia pretende que pensemos a respeito da rainha.
Mas filmes não existem para
isso. Ao redispor a figura de
Elizabeth 2ª sem nenhuma
hostilidade, mas também sem
benevolência, "A Rainha" nos
convida a repensar a função da
monarquia nesse país.
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