São Paulo, segunda, 17 de fevereiro de 1997.

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No final, os maus recebem aquilo que merecem

da Reportagem Local

``Viver para morrer, ou morrer para viver? Existe a resposta certa? Não!!'' É assim que José Mojica Marins, o Zé do Caixão, abre sua ``Estranha Hospedaria dos Prazeres'', lançada em vídeo.
O filme, que teve de ser remendado por Mojica, é um suspense barato que se propõe a filosofar sobre a morte. Ele chega ao cúmulo do "trash" quando mostra o ``cosmo'', nada mais que uma dúzia de bolinhas de isopor pintadas, girando na frente de uma imagem da Via Láctea, por mais de cinco minutos.
A estranha hospedaria, toda iluminada em vermelho, dá as pistas para o que segue. O relógio da parede -um velho cuco, daqueles que existem na casa da avó de todo mundo- não tem ponteiros. Uma folhinha na parede marca dia 13, sexta-feira. Mojica aparece com um chapéu-coco e suas indefectíveis unhas compridas.
Os hóspedes não param de chegar: um grupo de jogadores de cartas, um casal cometendo adultério, um bando de ladrões de joalheria, um grupo de motociclistas hippies que se põe a cantar ``Tá todo mundo nu, oba'', no meio de um bacanal. Pode até parecer engraçado, mas não é.
No meio do blá-blá-blá, resolver a charada é simples. Mojica é uma espécie de diabo e sua hospedaria, apenas uma sucursal do inferno, recebendo as almas dos mortos. No final, lá está a lição de moral: os maus recebem o que merecem.
Essa é também a lógica de ``Inferno Carnal'', a história da mulher de um rico cientista que joga ácido na cara do marido para torrar todo o dinheiro dele com o amante fanfarrão.
No meio dos já característicos -e pobres- efeitos da produção, as cenas de um olho sendo operado são mais grotescas do que ver o rosto de Mojica em ``carne viva'', ou ainda totalmente desfigurado, após sua parcial recuperação.
Raquel é quase uma socialite que tem de ficar presa em casa por causa da dedicação do marido -Mojica, de óculos quadrados e avental branco- ao trabalho.
Depois do atentado ao marido, ela cai numa roda de luxúria e desperdício de dinheiro, até que um acidente a leva para o hospital, sem poder andar novamente.
O marido -Mojica transformado em um ``Fantasma da Ópera'', careca e com capa preta de colarinho alto- a socorre. Arrependida, Raquel resolve jogar ácido no próprio rosto. Ela descobre então, que tudo não passava de uma farsa armada pelo marido e se vê, deformada, no olho da rua.
(PATRICIA DECIA)
Filme: A Estranha Hospedaria dos Prazeres Direção: Marcelo Motta Produção: Brasil, 78 min Lançamento: Paris Filmes (011/872-4404)
Filme: Inferno Carnal Direção: José Mojica Marins Produção: Brasil, 78 min Lançamento: Paris Filmes (011/872-4404)
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