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No final, os maus recebem aquilo que merecem
da Reportagem Local
``Viver para morrer, ou morrer
para viver? Existe a resposta certa?
Não!!'' É assim que José Mojica
Marins, o Zé do Caixão, abre sua
``Estranha Hospedaria dos Prazeres'', lançada em vídeo.
O filme, que teve de ser remendado por Mojica, é um suspense
barato que se propõe a filosofar
sobre a morte. Ele chega ao cúmulo do "trash" quando mostra o
``cosmo'', nada mais que uma dúzia de bolinhas de isopor pintadas, girando na frente de uma
imagem da Via Láctea, por mais
de cinco minutos.
A estranha hospedaria, toda iluminada em vermelho, dá as pistas
para o que segue. O relógio da parede -um velho cuco, daqueles
que existem na casa da avó de todo mundo- não tem ponteiros.
Uma folhinha na parede marca
dia 13, sexta-feira. Mojica aparece
com um chapéu-coco e suas indefectíveis unhas compridas.
Os hóspedes não param de chegar: um grupo de jogadores de
cartas, um casal cometendo adultério, um bando de ladrões de joalheria, um grupo de motociclistas
hippies que se põe a cantar ``Tá
todo mundo nu, oba'', no meio de
um bacanal. Pode até parecer engraçado, mas não é.
No meio do blá-blá-blá, resolver
a charada é simples. Mojica é uma
espécie de diabo e sua hospedaria,
apenas uma sucursal do inferno,
recebendo as almas dos mortos.
No final, lá está a lição de moral:
os maus recebem o que merecem.
Essa é também a lógica de ``Inferno Carnal'', a história da mulher de um rico cientista que joga
ácido na cara do marido para torrar todo o dinheiro dele com o
amante fanfarrão.
No meio dos já característicos
-e pobres- efeitos da produção, as cenas de um olho sendo
operado são mais grotescas do
que ver o rosto de Mojica em
``carne viva'', ou ainda totalmente desfigurado, após sua parcial
recuperação.
Raquel é quase uma socialite
que tem de ficar presa em casa por
causa da dedicação do marido
-Mojica, de óculos quadrados e
avental branco- ao trabalho.
Depois do atentado ao marido,
ela cai numa roda de luxúria e desperdício de dinheiro, até que um
acidente a leva para o hospital,
sem poder andar novamente.
O marido -Mojica transformado em um ``Fantasma da Ópera'',
careca e com capa preta de colarinho alto- a socorre. Arrependida, Raquel resolve jogar ácido no
próprio rosto. Ela descobre então,
que tudo não passava de uma farsa armada pelo marido e se vê, deformada, no olho da rua.
(PATRICIA DECIA)
Filme: A Estranha Hospedaria dos Prazeres
Direção: Marcelo Motta
Produção: Brasil, 78 min
Lançamento: Paris Filmes
(011/872-4404)
Filme: Inferno Carnal
Direção: José Mojica Marins
Produção: Brasil, 78 min
Lançamento: Paris Filmes
(011/872-4404)
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