No céu de fevereiro, a Lua cresce em Peixes, e Mercúrio se relaciona muito mal com Plutão. Enquanto isso, aqui na Terra Brasilis, a humanidade cansada de sofrer percalços e adversidades, ludibriada constantemente por promessas governamentais de prosperidade que nunca se concretizam, aproveita o Carnaval para esquecer tudo e, pela divina loucura do deus Dionísio, entregar-se aos excessos que a fará acreditar que a vida entre o céu e a terra ainda vale a pena. Como seria possível fazer um julgamento moral disso? Por que alguém teria autoridade de condenar os semelhantes que desejam aproveitar uma brecha para extravasar suas dores, convertendo-as em alegrias efêmeras? Todos os humanos querem aproximar-se dos deuses, e todos o querem fazer para sentir que isso os revitaliza.
Não é raro ver gente estremecendo nas igrejas sob o impacto de uma força espiritual que desconhecem, mas que com ardor desejam que lhes faça viver um pouco de loucura.
Visto de um ponto objetivo, o que acontece com as massas durante o Carnaval não é de forma alguma diferente. Se os deuses cultuados são diferentes, isso é mero detalhe. Quem pode afinal se arrogar o direito de saber qual deus é melhor e preferível que o outro?

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