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ARTES PLÁSTICAS
Obras, em óleo sobre tela, estavam abandonadas há cerca de 20 anos em monumento na rodovia Dutra
MNBA ganhará quatro painéis de Portinari
ROGÉRIO GENTILE
em Brasília
Quatro painéis de Cândido Portinari -abandonados há cerca de
20 anos em um monumento na rodovia Dutra- serão cedidos pelo
DNER (Departamento Nacional
de Estradas de Rodagem) para o
MNBA (Museu Nacional de Belas
Artes), no Rio de Janeiro.
Os painéis, primeiros trabalhos
de grande dimensão do artista de
Brodósqui (interior de São Paulo),
em óleo sobre tela, têm 98 cm de altura por 7m80 de largura.
Feitas em 1936 por encomenda
da então Comissão de Estradas de
Rodagem Federal, chefiada pelo
engenheiro Yeddo Fiuza, as obras
foram denominadas "Construção
de Rodovia".
Os trabalhos ficam no interior do
Monumento Rodoviário, obra iniciada em 5 de maio de 1928 por
Washington Luís e inaugurada oito anos depois por Getúlio Vargas
como um marco da política de
construção de estradas no Brasil.
Longe da visitação pública desde
1978, quando o monumento foi fechado, as obras serão transferidas
para o Rio até o final de março, segundo expectativa da diretora técnica do Projeto Portinari, Christina Penna.
O termo de cessão (as obras ficarão no museu, mas continuarão
sendo do DNER) deve ser assinado
ainda este mês pelo ministro Eliseu Padilha (Transportes).
Deterioração
O Projeto Portinari foi fundado
em 1979 com a função de localizar,
cadastrar e autenticar obras do
pintor. Desde então, já garantiu a
autenticidade de 4.600 trabalhos
de Portinari.
Muitas dessas obras foram feitas
por encomenda de órgãos públicos, o que trouxe uma fama pejorativa para Portinari de "pintor
oficial", reforçada por seu interesse por temas nacionalistas.
É o caso da "Construção da Rodovia", que mostra a contribuição
do homem simples ao desenvolvimento do país.
"As obras estão relativamente
em bom estado. Por sorte, o prédio
foi muito bem construído e não
ocorreram grandes problemas",
afirma Christina Penna.
A diretora técnica do Projeto
Portinari afirma que passou a negociar a cessão dos painéis quando
percebeu que o monumento estava
começando a sofrer infiltrações de
água, o que poderia destruir os trabalhos.
"A natureza do DNER não é essa.
Não tinha sentido ficar com as
obras, que estavam se deteriorando. O museu tem mais condições
de conservá-las adequadamente",
afirmou o diretor-geral do órgão,
Maurício Borges.
O monumento, localizado no
quilômetro 73 da rodovia, na Serra
das Araras, foi construído no estilo
"art déco". As paredes externas foram decoradas pelo escultor francês Albert Freyhoffer.
Até 1978, o monumento funcionava como um ponto de parada e
descanso para os motoristas, com
restaurante, lanchonete, jardins,
lago e um mirante.
Atualmente, o acesso ao local está fechado. As paredes externas
precisam de pintura, as internas
têm cupim e infiltrações e as instalações elétricas e hidráulicas estão
ruins.
O colunista
Marcelo Coelho está em férias.
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