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Humorista diz sentir-se um lixo
JEANNE WOLF
especial para a Folha
Howard Stern é incrivelmente
popular. Seu programa de rádio
matinal, transmitido para todo o
país, atrai 18 milhões de ouvintes.
Já escreveu dois livros que viraram
best sellers, ``Miss America'' e
``Private Parts'' (eufemismo que
designa os órgãos genitais).
Ele agora testa o cinema com
``Private Parts'', a versão cinematográfica de seu autobiografia, no
qual ele representa seu próprio papel.``Private Parts'' traça a ascensão de Stern, desde seu primeiro
emprego como DJ numa rádio pequena. Também oferece algo de
sua vida pessoal, incluindo o casamento com Alison.
Folha - Em ``Private Parts'' você
surpreende quem acha que sua
principal missão na vida é chocar.
Howard Stern -Achei que se eu
mostrasse basicamente minha
imagem pública, vocês diriam:
``Já conhecemos esse cara, já o ouvimos no rádio, já o vimos na televisão dizendo aquelas coisas nojentas''. Eu quis mostrar o Howard
aos 20 anos, inseguro. Eu ouvi as
fitas dos meus primeiros programas. Mal conseguia respirar no ar,
de tão nervoso que estava.
Folha - Você mostra no filme a
perspectiva de sua vida particular,
especialmente de seu casamento.
Stern - Encontrei uma mulher
maravilhosa. Tantas pessoas no
show business que se separam, e
eu com Alison, uma mulher disposta a encarar coisas a meu respeito que só podiam chocá-la.
Folha - No filme há cenas de sua
infância, em que seu pai lhe chama
de imbecil. Isso aconteceu de fato?
Stern - E como! Meu pai ainda
não viu o filme, e mal posso esperar que o veja. Meu pai passou a
vida toda me chamando de imbecil. Mas é engraçado -sempre
senti que me amava. Acho que era
por amor que ele me xingava.
Folha - Você é muito hostilizado?
Stern -Sim. Tem muita gente
que nem ouve meu programa no
rádio e já tem uma opinião, acha
que eu só sei falar em pênis. Já fui
tachado de sexista e racista. Acho
que minha honestidade deixa as
pessoas furiosas.
Folha - Agora que você sentiu o
gostinho de Hollywood, vai abandonar o rádio e tentar o cinema?
Stern - Adoro o rádio. É o que
eu faço melhor. Mas admito que
fazer o filme foi um tesão como
nunca antes senti. Adorei.
Folha - Você tem um programa
nacional de rádio com índices
enormes de audiência, dois livros
que viraram best sellers e agora
um filme que fez sucesso. Ainda
lhe resta algo a conquistar?
Stern - As pessoas dizem: ``você já fez tudo''. Juro que nunca fico
impressionado comigo mesmo,
sempre me sinto um lixo. Não sinto que tenha feito nada grandioso.
Tradução de Clara Allain
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