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TELEVISÃO
A pedido dos telespectadores, canal transmite ao vivo os depoimentos sobre o caso dos títulos públicos
TV Senado sai do anonimato com CPI
ELAINE GUERINI
da Reportagem Local
Ao transmitir, pela primeira vez,
os trabalhos de uma comissão parlamentar de inquérito ao vivo (a
CPI dos Precatórios), o canal TV
Senado consegue sair do anonimato e passa a figurar entre as opções
de maior repercussão na TV paga,
conseguindo manter os telespectadores acordados até a madrugada.
"O número de ligações aumentou. Recebemos agora pelo menos
cem chamadas por dia de pessoas
fazendo comentários sobre a
CPI", diz Fernando César Mesquita, 57, diretor da Secretaria de
Comunicação Social do Senado
-setor responsável pelo canal pago (distribuído pela TVA e
Net/Multicanal).
Segundo Mesquita, a TV Senado
passou a transmitir ao vivo os depoimentos sobre o escândalo dos
precatórios a pedido do público.
"No início da CPI, gravávamos os
trabalhos para exibir mais tarde e
transmitíamos ao vivo os debates
no plenário. Devido aos telefonemas, resolvemos inverter."
Como ainda não existe medição
de audiência na TV paga, o canal,
há oito meses no ar, não dispõe de
estimativa sobre o números de telespectadores. "Chegamos a 90
pontos no Brasil por meio do cabo,
sem contar o público que recebe o
sinal via satélite. Os que mais nos
assistem são empresários, jornalistas, advogados e formadores de
opinião", afirma o diretor.
O senador Roberto Requião
(PMDB-PR), relator da CPI dos
Títulos Públicos, diz que a transmissão dos trabalhos ao vivo pela
TV Senado evita o filtragem de informações. "Não existe edição ou
censura. Mas é claro que, com a
presença das câmeras, alguns senadores tentam se exibir."
O advogado Almir de Souza, 34,
não perde uma "sessão da CPI"
na TV. "Se for preciso fico acordado até as 4h. Acompanhar esse festival de mentiras e hipocrisia é
muito mais divertido do que um
filme cômico. Os envolvidos mentem tão descaradamente."
Também foram as transmissões
dos trabalhos da comissão que levaram o escritor João Alfredo Medeiros Vieira, 68, a descobrir a TV
Senado. "É uma fogueira de vaidades. Como os políticos gostam
muito da mídia, agora é que eles
fazem de tudo para aparecer."
Na opinião do advogado José
Maria Couto Moreira, 53, o trabalho da TV Senado pode servir de
instrumento para aprimorar a
própria atividade parlamentar.
"Como os senadores sabem que
estão sendo vistos, eles se policiam
mais com relação à postura, iniciativa e idéias."
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), integrante da CPI, se diz
surpreso com a repercussão dos
trabalhos. "Quase todas as pessoas que eu encontro na rua, mais
os amigos, dizem estar nos acompanhando pela TV. O assunto
nunca foi tão comentado."
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