São Paulo, segunda, 17 de março de 1997.

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TELEVISÃO
A pedido dos telespectadores, canal transmite ao vivo os depoimentos sobre o caso dos títulos públicos
TV Senado sai do anonimato com CPI

ELAINE GUERINI
da Reportagem Local

Ao transmitir, pela primeira vez, os trabalhos de uma comissão parlamentar de inquérito ao vivo (a CPI dos Precatórios), o canal TV Senado consegue sair do anonimato e passa a figurar entre as opções de maior repercussão na TV paga, conseguindo manter os telespectadores acordados até a madrugada.
"O número de ligações aumentou. Recebemos agora pelo menos cem chamadas por dia de pessoas fazendo comentários sobre a CPI", diz Fernando César Mesquita, 57, diretor da Secretaria de Comunicação Social do Senado -setor responsável pelo canal pago (distribuído pela TVA e Net/Multicanal).
Segundo Mesquita, a TV Senado passou a transmitir ao vivo os depoimentos sobre o escândalo dos precatórios a pedido do público. "No início da CPI, gravávamos os trabalhos para exibir mais tarde e transmitíamos ao vivo os debates no plenário. Devido aos telefonemas, resolvemos inverter."
Como ainda não existe medição de audiência na TV paga, o canal, há oito meses no ar, não dispõe de estimativa sobre o números de telespectadores. "Chegamos a 90 pontos no Brasil por meio do cabo, sem contar o público que recebe o sinal via satélite. Os que mais nos assistem são empresários, jornalistas, advogados e formadores de opinião", afirma o diretor.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da CPI dos Títulos Públicos, diz que a transmissão dos trabalhos ao vivo pela TV Senado evita o filtragem de informações. "Não existe edição ou censura. Mas é claro que, com a presença das câmeras, alguns senadores tentam se exibir."
O advogado Almir de Souza, 34, não perde uma "sessão da CPI" na TV. "Se for preciso fico acordado até as 4h. Acompanhar esse festival de mentiras e hipocrisia é muito mais divertido do que um filme cômico. Os envolvidos mentem tão descaradamente."
Também foram as transmissões dos trabalhos da comissão que levaram o escritor João Alfredo Medeiros Vieira, 68, a descobrir a TV Senado. "É uma fogueira de vaidades. Como os políticos gostam muito da mídia, agora é que eles fazem de tudo para aparecer."
Na opinião do advogado José Maria Couto Moreira, 53, o trabalho da TV Senado pode servir de instrumento para aprimorar a própria atividade parlamentar. "Como os senadores sabem que estão sendo vistos, eles se policiam mais com relação à postura, iniciativa e idéias."
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), integrante da CPI, se diz surpreso com a repercussão dos trabalhos. "Quase todas as pessoas que eu encontro na rua, mais os amigos, dizem estar nos acompanhando pela TV. O assunto nunca foi tão comentado."

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