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Espetáculo delineia a "geração Sensation"
DA REPORTAGEM LOCAL
"É hora de voltar para o ateliê",
diz a artista Rachel Whiteread.
Lançada em meio ao grupo da
Ybas, sigla da Young British Artists (jovens artistas britânicos),
Whiteread alcançou, assim como
seus colegas, prestígio internacional ascendente a partir do final
dos anos 80.
Foi nesse período que o publicitário e colecionar Charles Saatchi
passou a organizar uma série de
exposições na Saatchi Gallery, em
Londres, denominadas Ybas. Entre outros, o colecionador lançou
nomes como Damien Hirst, Sarah
Lucas, Tracey Emin, Ron Mueck e
Chris Ofili elevando os preços de
suas obras para valores raros em
arte contemporânea. Uma tela de
Hirst, por exemplo, denominada
"Beauty in the Eye of the Beholder" (Beleza no olho do observador), chegou a ser arrematada por
US$ 537 mil num leilão, há dois
anos.
Em 1997, a notoriedade do grupo alcançou o topo graças à mostra "Sensation", exibida em Londres, Berlim e Nova York, onde
gerou polêmica pois foi ameaçada
de ser proibida pelo prefeito da cidade, por conta das imagens obscenas nos trabalhos de Ofili. Em
Nova York, a mostra foi vista em
1999.
No geral, a também chamada
"geração Sensation" marcou por
apresentar trabalhos espetaculares, como nas vitrines com animais empalhados de Hirst ou nas
esculturas hiper-realistas, mas
com dimensões disformes, de
Mueck. Mas Saatchi também foi
criticado por vários artistas. Alguns, como o alemão Wolfgang
Tillmans, se recusaram a vender
obras para o colecionador pois,
como publicitário da gestão Margareth Tatcher, ele representaria
uma visão "marqueteira" na arte.
Whiteread é quase uma estranha nesse ninho. Suas obras não
possuem o glamour espetacular
dos colegas. "Meu trabalho não
grita como o deles. Sou ambiciosa
em minhas obras, mas não em
meu comportamento", diz a artista. É comum que curadores ingleses apontem para a "geração Sensation" um comportamento de
"rock star".
Em São Paulo, no ano passado,
parte dessa geração foi vista na exposição "A Bigger Splash", realizada na Oca, a partir do acervo da
Tate Gallery, de Londres. As curadoras da mostra preferiram retirar o caráter espetacular dos Ybas,
mostrando obras menos polêmicas, assumindo uma crítica à marca imposta por Saatchi ao grupo.
Whiteread participou, então, com
três trabalhos.
Com a fama e o sucesso, especialmente financeiro, as obras dos
Ybas passaram a ter dimensões
cada vez maiores. Foi o caso de
Mueck que, na Bienal de Veneza
de 2000, apresentou a escultura
"Boy", um rapaz agachado, com
cinco metros de altura. Whiteread
também partiu para trabalhos em
grandes dimensões, como suas
obras públicas. "Depois de tudo
isso, creio que agora é o momento
de trabalhos em tamanhos menores, de pesquisar novamente no
ateliê. É o que estou fazendo",
conta a artista.
(FC)
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