|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRA FREQÜÊNCIA
São Paulo terá ondas curtas com som de FM
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Que tal sintonizar em seu
rádio a BBC de Londres, a
Deutsche Welle de Berlim, a Radio France de Paris, a Difusora
Portuguesa de Lisboa e várias outras estações dos mais distantes
países do mundo? Tudo falado
em português e com um som com
qualidade das melhores FMs.
Hoje, em São Paulo, esse "sonho
de consumo" será demonstrado
publicamente pela primeira vez.
Representantes das quatro emissoras estarão no Centro Britânico
com um aparelho de rádio digital.
O objetivo é provar que as obsoletas ondas curtas -aquelas que
traziam ao Brasil notícias das
guerras mundiais- têm futuro.
As estações internacionais fazem parte do consórcio DRM ou
Digital Radio Mondiale (www.drm.org), que reúne cerca de 80
empresas européias. Lançado no
fim de 2003, na Suíça, o sistema
digitaliza AMs e OCs (ondas curtas, hoje disponíveis apenas em
alguns aparelhos), o que dá a essas freqüências som de FM.
Das 17h30 às 21h, o rádio "modernoso" trazido ao Brasil deverá
captar -com qualidade próxima
à de um CD- OCs de emissoras
internacionais, cuja recepção costuma ser péssima. O evento foi organizado pela BBC, uma das principais interessadas em que o Brasil adote essa tecnologia.
A empresa britânica mantém
transmissão ao país em OCs, produz programas para FMs (como
Eldorado e CBN) e possui um site
de notícias em português. Já declarou que o público brasileiro está entre seus principais alvos.
Os portugueses também andam
de olhos bem abertos ao Brasil e
seu potencial de audiência. "É um
país-alvo de muitas emissoras.
Várias rádios têm interesse em divulgar seus programas aqui", afirma Paulo Lages, engenheiro eletrônico da RDP (Rádio Difusora
Portuguesa), que está no Brasil
para a demonstração do sistema.
A RDP é ligada à RTP, uma das
principais TVs de Portugal, que
virou coqueluche na Guerra do
Iraque por noticiar em primeira
mão, antes até da CNN, os primeiros bombardeios a Bagdá.
As rádios brasileiras estão divididas entre dois sistemas de rádio
digital: o norte-americano Iboc
(para FMs) e o DRM (AMs e
OCs). Há ainda outra versão européia e uma japonesa. A Abert
(emissoras comerciais) assinou
convênio com a Radiobrás e a
Universidade de Brasília para iniciar testes com rádio digital. Escaldados com a lentidão da TV digital, o setor prefere não falar em
prazos. O governo terá de decidir
qual sistema será usado no país,
as rádios terão de instalar novos
transmissores. E nós, ouvintes,
pagamos parte da conta: teremos
de trocar os atuais aparelhos pelos
digitais, nada baratos de início.
laura@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Música: Arrigo Barnabé estréia programa na Cultura Índice
|