São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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OUTRA FREQÜÊNCIA

São Paulo terá ondas curtas com som de FM

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Que tal sintonizar em seu rádio a BBC de Londres, a Deutsche Welle de Berlim, a Radio France de Paris, a Difusora Portuguesa de Lisboa e várias outras estações dos mais distantes países do mundo? Tudo falado em português e com um som com qualidade das melhores FMs.
Hoje, em São Paulo, esse "sonho de consumo" será demonstrado publicamente pela primeira vez. Representantes das quatro emissoras estarão no Centro Britânico com um aparelho de rádio digital. O objetivo é provar que as obsoletas ondas curtas -aquelas que traziam ao Brasil notícias das guerras mundiais- têm futuro.
As estações internacionais fazem parte do consórcio DRM ou Digital Radio Mondiale (www.drm.org), que reúne cerca de 80 empresas européias. Lançado no fim de 2003, na Suíça, o sistema digitaliza AMs e OCs (ondas curtas, hoje disponíveis apenas em alguns aparelhos), o que dá a essas freqüências som de FM.
Das 17h30 às 21h, o rádio "modernoso" trazido ao Brasil deverá captar -com qualidade próxima à de um CD- OCs de emissoras internacionais, cuja recepção costuma ser péssima. O evento foi organizado pela BBC, uma das principais interessadas em que o Brasil adote essa tecnologia.
A empresa britânica mantém transmissão ao país em OCs, produz programas para FMs (como Eldorado e CBN) e possui um site de notícias em português. Já declarou que o público brasileiro está entre seus principais alvos.
Os portugueses também andam de olhos bem abertos ao Brasil e seu potencial de audiência. "É um país-alvo de muitas emissoras. Várias rádios têm interesse em divulgar seus programas aqui", afirma Paulo Lages, engenheiro eletrônico da RDP (Rádio Difusora Portuguesa), que está no Brasil para a demonstração do sistema.
A RDP é ligada à RTP, uma das principais TVs de Portugal, que virou coqueluche na Guerra do Iraque por noticiar em primeira mão, antes até da CNN, os primeiros bombardeios a Bagdá.
As rádios brasileiras estão divididas entre dois sistemas de rádio digital: o norte-americano Iboc (para FMs) e o DRM (AMs e OCs). Há ainda outra versão européia e uma japonesa. A Abert (emissoras comerciais) assinou convênio com a Radiobrás e a Universidade de Brasília para iniciar testes com rádio digital. Escaldados com a lentidão da TV digital, o setor prefere não falar em prazos. O governo terá de decidir qual sistema será usado no país, as rádios terão de instalar novos transmissores. E nós, ouvintes, pagamos parte da conta: teremos de trocar os atuais aparelhos pelos digitais, nada baratos de início.

laura@folhasp.com.br


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