São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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ANÁLISE

Ágil, "Jornal da Band" busca personalidade

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O investimento da Bandeirantes na programação jornalística disse a que veio. A estréia de Carlos Nascimento à frente do "Jornal da Band" revelou um programa ágil, independente, com uma pauta variada.
No atual panorama competitivo, o desafio será o de consolidar personalidade própria. Com aparato, ao que parece, comparável ao jornalismo da Rede Globo, o jornal às vezes se aproximou do perfil opiniático do "Jornal da Record" de Bóris Casoy.
Talvez mais do que proferir bordões, o caminho seja o de investir na análise de diversas perspectivas atuantes em um mesmo assunto, mantendo o foco no cidadão que assiste. Como no caso das notícias que envolviam diferentes segmentos da polícia.
O programa começou com o fato mais quente do dia: a prisão, ao tentar fugir do Brasil, do empresário responsável pela tragédia do Palace 2, ou o golpe da construção sem cimento.
Revelando certo cosmopolitismo, o jornal apresentou correspondente na Espanha. Notícias da BA, de MG e outras partes deram a deixa para reportagem local.
A maior novidade fica por conta da mulher do tempo, Mariana Ferrão, que se aventura nos terrenos da astrologia e astronomia.
O homem dos esportes, Jorge Kajuru, se declarou emocionado na presença de "dois monstros sagrados", Carlos Nascimento e Joelmir Beting. Como jornalista que se preze, Nascimento imediatamente dispensa o sagrado, mas fica com o monstro.
Há bastante o que fazer para aprimorar. O comentário pode ser mais valorizado. Mas para isso é preciso diminuir o ritmo, ganhar tempo que permita respiros.
Outro problema é a reportagem especial, recurso atualmente em voga, que encerra o programa lembrando o "boa noite" do "Jornal Nacional". O primeiro episódio da série sobre a mulher que vai ao ar diariamente ao longo dessa semana trouxe personagens bem interessantes. Mas o tom celebratório, de aparência politicamente correta, abstrai o sacrifício e lembra a chapa branca. Em vez do monstro, a moça.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP

JORNAL DA BAND. De seg. a sáb., às 19h30.


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