São Paulo, terça, 17 de março de 1998

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FOTOGRAFIA
Mostra "Novíssimos 98' retrata o invisível

Divulgação
"Fronteiras", de Camila Mesquita, que faz parte da mostra "Novíssimos 98"


EDER CHIODETTO
Editor-adjunto de Fotografia

Ocultar para revelar. Revelar o não-visível, o imponderável. A exposição coletiva "Novíssimos 98", que abre hoje, às 20h, no Paço das Artes, em São Paulo, amplia, na medida em que questiona, a capacidade da fotografia como instrumento de representação do mundo. Mas do mundo sensorial. Sensações e memórias estão impressas nessas novíssimas imagens.
São 11 novos artistas selecionados pelos fotógrafos Rubens Mano, Everton Ballardin e Eli Sudbrack, do grupo Panoramas da Imagem, que há cinco anos tem trazido à tona uma discussão elaborada sobre a utilização da fotografia nas artes por meio de exposições, palestras e workshops.
Nesta quinta edição há pelo menos três novíssimos que chamam muito a atenção, tanto pelo conceito quanto pelo resultado estético de seus trabalhos: Camila Mesquita, Marco Di Giorgio e Celina Yamauchi.
Mesquita utiliza vários pedaços de filmes de cinema, alguns com sequências gravadas e outros virgens. Coloca-os lado a lado e aplica outras imagens sobre eles. Quando passeamos os olhos sobre o trabalho, vários fragmentos de histórias de cinema ou de sua própria vida se cruzam, estabelecendo uma vasta e intrincada narrativa. É cinema, fotografia, fotonovela ou pintura?
Di Giorgio imprime em papel fotográfico imagens que desenha em várias lâminas de vidro sobrepostas. Os desfoques e contrastes são conseguidos de acordo com a distância das lâminas em relação ao papel e da quantidade de tinta.
Na prática, Di Giorgio consegue transformar desenho em imagem fotográfica. Atribui ao desenho, portanto, o status de realidade e de documentação que este jamais conseguiria.
Se a imagem precisa ser fotográfica para ser real, então reais e inquestionáveis são as imagens de memória e sonho de Di Giorgio. Prova cabal de que realidade e verdade são conceitos tão difusos quanto uma imagem desfocada por uma lâmina de vidro.
O trabalho de Celina Yamauchi também incorpora o desenho. Ela risca negativos velados, como quem realiza gravuras sobre o papel. Ao contrário de Di Giorgio, não quer atribuir veracidade a essas imagens, mas dimensão sensorial.
Questões velhíssimas. Enfoques novíssimos.

Exposição: Novíssimos 98, coletiva dos artistas Marco Di Giorgio, Camila Mesquita, Celina Yamauchi e outros
Quando: Abertura hoje, às 20h; até 11 de abril, das 13h às 20h (de seg. a sex.) e das 10h às 14h (aos sábados)
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária, tel. 011/813-3627)



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