|
Texto Anterior | Índice
MÚSICA
Reconhecendo que seu público mal o identifica como guitarrista, músico estréia hoje semana de shows no Palace
George Benson testa babas em SP
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
O guitarrista de jazz-pop George
Benson -ele prefere o epíteto
músico romântico- vem esta semana ao Brasil pela quarta vez.
Faz três shows a partir de hoje no
Palace e no sábado estará no Metropolitan, Rio. Exímio instrumentista, alcançou as multidões (e
os estimados 40 milhões de discos
vendidos) ao abraçar o pop e colocar sua voz a serviço de hits como
"On Broadway", "Give me the
Night" e "Love X Love". Traz para
as apresentações brasileiras
"músicas que
as pessoas conhecem", como diz, algumas canções de
"That's
Right", seu
(ruim) disco
de 96, e promete ainda
apresentar inéditas de um
novo álbum
(outra vez romântico,
"muito melódico"), que deve chegar às lojas dos EUA em junho.
Benson falou por telefone de sua
casa, em Nova Jérsei, à Folha.
Folha - O sr. está cada vez mais
distante do início de sua carreira,
quando tocava com músicos de
jazz. Não sente saudades?
George Benson - Quando eu faço um disco de jazz (como "Tenderly", com o pianista McCoy
Tyner), eu não vendo nada. Meu
público, que conhece músicas como "On Broadway", acha que eu
sou um cantor, mal sabe que toco
guitarra. O mundo não pára, e nós
estamos vendo vários excelentes
músicos que tiveram seus contratos cancelados, porque não vendem mais que 10 mil, 20 mil cópias.
A indústria precisa de grandes números hoje.
Folha - Saber que seus fãs não o
reconhecem como guitarrista não
o incomoda?
Benson - O importante é conseguir a comunicação com o público. Pratiquei guitarra por toda a
minha vida, e acho que ainda tenho coisas interessantes para falar
por meio dela. Se você ouvir
"That's Right", irá ouvir sons que
não aparecem em outros guitarristas. Talvez por essa razão guitarristas venham ao meu show.
Folha - O sr. está mais romântico
do que nunca em "That's Right"...
Benson - Minha primeira prioridade é comunicar. Além disso,
sou uma pessoa romântica, sou
casado há 32 anos, tenho sete filhos -embora tenha perdido três
meninos. Acho importante expressar para o publico o que eu
sinto. A música romântica faz as
pessoas encontrarem o equilíbrio
certo. "This Masquerade" por
exemplo, é muito importante em
meu repertório.
Folha - O sr. contou, em seu último disco, com um expoente do
acid-jazz, Bluey, do Incognito. Pretende continuar trabalhando com
ele?
Benson -Ele não está no meu
novo disco, que sairá em junho,
mas ainda tenho várias músicas
que fizemos juntos que não foram
gravadas em
"That's
Right". Eu fiz
com ele muitos
vocais, mas
usamos só
duas faixas.
Meu produtor,
Tommy LiPuma, queria algumas faixas
instrumentais
no disco. O resultado é que
meu CD soa
bastante instrumental, não
apenas ressaltando a guitarra.
Folha - O sr. já gravou Ivan Lins e
conhece bem música brasileira. Algum convidado especial em seus
shows brasileiros?
Benson - Não falei com ninguém sobre isso, mas sempre deixo a porta aberta. Gosto muito da
música brasileira, é romantica, rítmica. O nível técnico dos músicos
brasileiros é muito alto. Recentemente, andei excursionando com
Luiz Bonfá. Foi bastante excitante.
Folha - Ídolos de seu começo de
carreira como Hank Garland, Wes
Montgomery ou Charlie Christian
ainda têm significado para o sr.?
Benson - Penso que são os melhores músicos que ouvi em minha
vida. Se eu amo um compositor,
amo-o para sempre. Amarei sempre o modo como esses guitarristas tocavam, assim como Django
Reinhardt e Kenny Burrel. Mas eu
também amo cantores, como Djavan, que me lembra Nat King Cole,
é um Cole nascido no Brasil. É meu
tipo de cantor.
Folha - Por que a homenagem a
Marvin Gaye em seu último disco?
Benson - Éramos amigos. Ele
era uma pessoa bastante incomum. Muito criativo, grande letrista, um cantor excelente e também ótimo músico. Ele foi um dos
professores de bateria do Stevie
Wonder. Eu tinha essa música,
"Marvin Said", na minha cabeça
há anos.
Folha - Como foi gravar nos estúdios do Prince, em Minneapolis?
É o mais incomum e excitante lugar para gravar. Prince foi um
grande anfitrião, nos tratou como
reis. Dei-lhe de presente uma de
minhas guitarras Ibanez GB. Ele
adorou, disse que vai usá-la em
seus shows.
Show: George Benson
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213,
Moema, tel. 011/531-4900)
Quando: de hoje a quinta, 21h30
Quanto: R$ 55 a R$ 155 (ingressos em
domicílio, tels. 011/5589-8202,
011/867-8687 e 011/211-2098)
Texto Anterior | Índice
|