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Pires da Costa tem trajetória polêmica na Fundação Bienal
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Manoel Francisco Pires da
Costa entrou para a Fundação
Bienal de São Paulo no final de
2000, numa das vagas abertas
após uma série de conselheiros,
entre eles Milú Villela, deixarem a instituição, depois de polêmicas que culminaram com a
renúncia do então curador da
25ª Bienal, Ivo Mesquita.
Auxiliando na captação de
um evento já em desgaste, Pires
da Costa aproximou-se do então presidente da Fundação, o
arquiteto Carlos Bratke, que
lançaria seu nome para sucedê-lo, com apoio de Edemar Cid
Ferreira, em julho de 2002. Na
época, Pires da Costa era filiado
ao PPS e havia sido presidente
da BM&F (Bolsa de Mercadorias e de Futuros), cargo que teve que deixar após ser acusado,
em 1996, de má gestão administrativa no Banco Patente pelo
Conselho do Sistema Financeiro Nacional.
A primeira polêmica com Pires da Costa na Bienal ocorreu
em junho de 2003, quando
Ethel Leon, curadora da 5ª Bienal de Arquitetura, pediu demissão do cargo por "falta de
apoio institucional e verbas",
quatro meses antes da mostra.
Em março de 2005, Pires da
Costa foi reeleito presidente.
Após uma enxurrada de críticas
à 26ª Bienal, que teve Alfons
Hug como curador, o presidente abriu mão de indicar um
substituto e realizou um processo seletivo, organizado por
um conselho, que escolheu Lisette Lagnado para cuidar da
27ª Bienal de São Paulo, realizada em 2006.
Em abril de 2007, às vésperas
da segunda reeleição, Pires
Costa se autodenunciou ao Ministério Público, admitindo
que contrariou o estatuto da
Bienal, que proíbe que membros da instituição forneçam
bens à instituição, por usar sua
empresa TPT para publicar a
revista "BienArt". Naquele
mesmo mês, pela primeira vez
na história da Bienal, o Conselho Fiscal recusou as contas da
gestão de Pires da Costa, por
"julgá-las comprometidas",
mas a instituição reelegeu o
empresário com um "voto de
confiança" e a condição de uma
comissão de ex-presidentes
averiguarem as contas de sua
gestão, que não chegou a nenhuma conclusão.
Em maio de 2007, a Folha
publicou que, além de fazer negócios com a Bienal pela TPT,
Costa comprava duplicatas que
a instituição tinha para receber
das firmas que alugavam espaços no pavilhão de exposições.
Além disso, sua mulher recebia
pela jardinagem e arranjos florais da Bienal e a corretora de
seu genro fez os seguros da 27ª
Bienal. O Ministério Público
considerou que, apesar de irregular, o negócio de Pires da
Costa com a TPT não trouxe
prejuízos à Fundação, mas realizou um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual, entre
outras coisas, o empresário
comprometeu-se a não contratar empresas de parentes de diretores, conselheiros da Fundação e seus parentes de até o
terceiro grau.
Assim como ocorreu com a
mostra do "vazio", no ano passado, que não pagou artistas e
prestadores de serviço dentro
dos prazos estabelecidos, problemas com pagamento também marcaram a edição de
2006, que só teve suas contas
encerradas quase dois anos depois de seu término.
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