São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010

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Crítica

Clint sonega final feliz para velho treinador

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Faz anos, e não poucos, que Clint Eastwood se empenha em sonegar ao espectador aquilo que ele mais preza nos filmes de sucesso: um final feliz.
Ou alguém achava que o final de "Gran Torino" é feliz? Ou o de "A Troca"? (Abra-se uma exceção para "Invictus", projeto mais convencional dele, embora quilômetros acima da média do cinema que se pratica regularmente.)
Fiquemos por um instante com "Menina de Ouro" (Liv, 22h e 2h; 12 anos -o canal é o antigo People+Arts). Clint é um treinador de boxe perdido no tempo.
Não entende o ritmo atual dos negócios, de tal modo que acaba passado para trás pelos seus pupilos mais talentosos.
Conservador, acha que lugar de mulher é na cozinha, nunca num ringue. De maneira que rejeita sistematicamente os apelos de Hilary Swank para ser seu técnico.
Conhecer Hilary, sua família, obrigações, decepções, é um pouco descer ao inferno. É depois disso que o técnico aceita, ainda relutante, treiná-la. Mas ele sabe, no íntimo, que o move um apelo sentimental (representado fisicamente por Morgan Freeman).
Que importa, a opção está feita. Como no amor, grandes esperanças e grandes tristezas não raro se encontram. Não vamos contar o fim, mas a palavra tristeza é um tanto leve para definir aquilo por que passará o velho treinador.


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