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Crítica
Clint sonega final feliz para velho treinador
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Faz anos, e não poucos, que
Clint Eastwood se empenha em
sonegar ao espectador aquilo
que ele mais preza nos filmes
de sucesso: um final feliz.
Ou alguém achava que o final
de "Gran Torino" é feliz? Ou o
de "A Troca"? (Abra-se uma exceção para "Invictus", projeto
mais convencional dele, embora quilômetros acima da média
do cinema que se pratica regularmente.)
Fiquemos por um instante
com "Menina de Ouro" (Liv,
22h e 2h; 12 anos -o canal é o
antigo People+Arts). Clint é
um treinador de boxe perdido
no tempo.
Não entende o ritmo atual
dos negócios, de tal modo que
acaba passado para trás pelos
seus pupilos mais talentosos.
Conservador, acha que lugar
de mulher é na cozinha, nunca
num ringue. De maneira que
rejeita sistematicamente os
apelos de Hilary Swank para
ser seu técnico.
Conhecer Hilary, sua família,
obrigações, decepções, é um
pouco descer ao inferno. É depois disso que o técnico aceita,
ainda relutante, treiná-la. Mas
ele sabe, no íntimo, que o move
um apelo sentimental (representado fisicamente por Morgan Freeman).
Que importa, a opção está
feita. Como no amor, grandes
esperanças e grandes tristezas
não raro se encontram. Não vamos contar o fim, mas a palavra
tristeza é um tanto leve para
definir aquilo por que passará o
velho treinador.
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