São Paulo, Sábado, 17 de Abril de 1999
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RAMMSTEIN
"Dance metal" abre show em SP

MARCELO MOREIRA
da Agência Folha

Quando todos pensavam que o rock não seria mais capaz de criar coisas diferentes, de evoluir ou até mesmo de originar outros estilos, um sexteto alemão aparece para calar a boca dos críticos.
O Rammstein, que abre os shows do Kiss no Brasil, é composto por jovens proletários da antiga Berlim Oriental e se orgulha de praticamente ter criado o "dance metal".
"Conseguimos juntar os elementos de muitas de nossas influências, como Kraftwerk, Ministry e Depeche Mode, com o peso e a energia do heavy metal do Metallica e do Pantera", afirma o baixista Oliver Riedel, que falou à Agência Folha por telefone de Berlim.
É difícil rotular o som que a banda faz. A batida dance dos instrumentos eletrônicos é inconfundível, assim como as guitarras pesadas e sujas.
Riedel e seus companheiros realmente merecem elogios pela coragem de associar dois gêneros distintos dance music e heavy metal que têm aficionados que abominam o ritmo oposto.
"Não estamos preocupados com isso. Não somos sectários e estamos abertos a novas experiências musicais. Queremos crescer e evoluir musicalmente", exalta Riedel.
O Rammstein também é surpreendente pelo sucesso que faz na Europa. Não bastasse fazer o chamado "dance metal", que poderia causar rejeição entre metaleiros e frequentadores de danceterias, eles ainda cantam em alemão.
"Sehnsucht", seu segundo álbum, foi lançado no ano passado e teve ótima repercussão na Alemanha, na França, na Polônia e na República Checa. Também foram elogiados por revistas inglesas.
O barulho em torno do Rammstein chamou a atenção de gente que nada tem a ver com música e muito menos com heavy metal, como o cineasta David Lynch (diretor de "Twin Peaks").
Ele selecionou duas músicas do grupo, "Rammstein" e "Hierate Mich", para a trilha sonora do filme "A Estrada Perdida".
Apesar do pioneirismo da junção metal-dance music, o resultado do trabalho do Rammstein, além de obviamente estranho, deixa a desejar enquanto proposta musical.
Em "Sehnsucht", por exemplo, o trabalho de guitarras é muito interessante e até eficiente.
No entanto, o som é ofuscado pela insistente batida dance, talvez mixada um pouco mais alta do que os outros instrumentos, e pela profusão de sequenciadores e outros efeitos eletrônicos. O que deveria soar harmônico e integrado acaba estanque e separado, quase que incompatível. Não bastasse isso, as músicas são repetitivas.
Sobre a oportunidade de tocar com o Kiss, Riedel explica: "Nosso empresário recebeu uma oferta do pessoal que organiza as turnês do Kiss. Achamos que foi um bom negócio".


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