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TELEVISÃO
"Dezesseis Zero Sessenta" ou "Brasil"
SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada
Se você faz parte dos cerca de 6
bilhões de pessoas que ainda não
assistiram a "Dezesseis Zero Sessenta", o canal pago Cinemax dá
uma chance amanhã, às 21h. Os irmãos Mainardi (o publicitário Vinicius na direção e o escritor Diogo
no roteiro) urdiram um dos melhores filmes nacionais da década.
Foi batizado de "Dezesseis Zero
Sessenta", que é a soma dos dias da
idade que o protagonista completa
(44 anos), mas poderia se chamar
"Brasil - O Filme", tamanha a engenhosidade com que trata das
mazelas do país, principalmente a
promíscua relação dominador/dominado que a elite local trava com
o mar de miseráveis.
A história do empresário milionário que tem sua casa invadida
por um ladrão, manda matá-lo
mais tarde na cadeia, o algoz elimina o sujeito errado e a família miserável do morto vai parar na casa
do empresário é pano de fundo para um desfile sutil de ironias e metáforas.
"Dezesseis Zero Sessenta" foi filmado em preto-e-branco, o que,
mais que cine noir norte-americano, faz lembrar as fotografias de
Man Ray e, em certas sequências, o
jogo de claro-escuro de "Um Cão
Andaluz", de Buñuel.
Tem pequenas pérolas, como os
nomes dos personagens (todos
alusivos a grandes vultos da história), a relação da personagem de
Maitê Proença (a "mammy" Eleanor) com o menor dos pobres e
uma das cenas de sexo em chuveiro das mais quentes, entre Antonio
Calloni (o empresário) e Maitê.
Por todos esses motivos, "Dezesseis Zero Sessenta", que foi um fracasso de público e crítica, merece
ser descoberto hoje.
Avaliação:
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