São Paulo, Sábado, 17 de Abril de 1999
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TELEVISÃO
"Dezesseis Zero Sessenta" ou "Brasil"

SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada

Se você faz parte dos cerca de 6 bilhões de pessoas que ainda não assistiram a "Dezesseis Zero Sessenta", o canal pago Cinemax dá uma chance amanhã, às 21h. Os irmãos Mainardi (o publicitário Vinicius na direção e o escritor Diogo no roteiro) urdiram um dos melhores filmes nacionais da década.
Foi batizado de "Dezesseis Zero Sessenta", que é a soma dos dias da idade que o protagonista completa (44 anos), mas poderia se chamar "Brasil - O Filme", tamanha a engenhosidade com que trata das mazelas do país, principalmente a promíscua relação dominador/dominado que a elite local trava com o mar de miseráveis.
A história do empresário milionário que tem sua casa invadida por um ladrão, manda matá-lo mais tarde na cadeia, o algoz elimina o sujeito errado e a família miserável do morto vai parar na casa do empresário é pano de fundo para um desfile sutil de ironias e metáforas.
"Dezesseis Zero Sessenta" foi filmado em preto-e-branco, o que, mais que cine noir norte-americano, faz lembrar as fotografias de Man Ray e, em certas sequências, o jogo de claro-escuro de "Um Cão Andaluz", de Buñuel.
Tem pequenas pérolas, como os nomes dos personagens (todos alusivos a grandes vultos da história), a relação da personagem de Maitê Proença (a "mammy" Eleanor) com o menor dos pobres e uma das cenas de sexo em chuveiro das mais quentes, entre Antonio Calloni (o empresário) e Maitê.
Por todos esses motivos, "Dezesseis Zero Sessenta", que foi um fracasso de público e crítica, merece ser descoberto hoje.


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