São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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VINHOS

Dão e Bairrada aproximam-se do país

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

O desembarque lusitano teve um objetivo claro: aumentar em 10% já neste ano as exportações dos vinhos do Dão e da Bairrada para o Brasil.
Com essa meta em mente, as Comissões Vitivinícolas dessas duas regiões do centro-norte de Portugal realizaram dia 7 de maio no restaurante Cantaloup, em São Paulo, a 1ª Mostra de Vinhos do Dão e da Bairrada.
Criadas na década de 80, as Comissões Vitivinícolas são entidades privadas que têm como missões principais o controle (que envolve a classificação de vinhedos, o registro de produtores e de engarrafadores), a aprovação dos vinhos com denominação de origem e, como no evento da semana passada, a promoção dos seus produtos.
A mostra (que reuniu 24 produtores, vários deles exibindo seus vinhos pela primeira vez no país) deixou claro que a mesma evolução percebida nos vinhos das regiões do Douro e do Alentejo nos últimos anos começa a ser sentida também nos do Dão e nos da Bairrada.
Há brancos mais finos e perfumados (no lugar dos pesados e oxidados de outrora) e tintos menos rudes, com maior conteúdo de fruta e (em especial os do Dão) muito bem condimentados com madeira.

Novidades
Entre as boas novidades (que devem aparecer em breve por aqui), estão dois brancos safra 2000 da Adega Cooperativa de Cantanhede, da Bairrada, o Maria Gomes 2000 (pêssego intenso no aroma, belo equilíbrio) e o Marquês de Marialva (equilibrado e com bom conteúdo de fruta).
A Cooperativa da Mealhada, da mesma região, mostrou outro par de brancos interessantes, ambos da colheita 2000, o Encosta de Mouros, de uva bical (perfume potente de manga e banana) e o Escolha dos Sócios (toque de carvalho, fresco, frutado e vivaz).
Na ala dos Dão, a Dão Sul, uma firma relativamente jovem, criada em 1989, apresentou os Quinta de Cabriz, um branco aromático e redondo de uva malvasia.
Fina, safra 2000 e dois tintos varietais 99, o Alfrocheiro Preto (paladar marcado por fruta e baunilha) e o Touriga Nacional (redondo, muito frutado, de sabor longo).
Muito boa performance mostrou da mesma maneira a União Comercial da Beira com dois dos seus tintos safra 99, o Quinta do Cerrado Touriga Nacional (boa textura, toque torrado, frutas vermelhas) e o Tinta Roriz (boa concentração, redondo, madeira bem dosada, framboesa, sabor persistente).
Além de São Paulo, os produtores levaram os seus exemplares às cidades do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. O esforço de divulgação das Comissões Vitivinícolas pode ajudar também os vinhos da terrinha a recuperar o espaço perdido.

Chile e Itália
Terceiro colocado no ranking de vinhos importados em 2000 -com 540 mil caixas chegadas ao Brasil-, Portugal perdeu, no ano passado, o segundo lugar no pódio para o Chile, que, no embalo de goles bem-feitos e com excelente relação preço-qualidade, conseguiu colocar 560 mil caixas no mercado.
A Itália (com 660 mil caixas) manteve-se na ponta.



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