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CLIMA
Letras e circo
MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA
O Riocentro , afastado e labiríntico, sedia o 20º ano do festival carioca
das letras. Pedro Bial o abriu. "São
140 autores. Um livro é a melhor
arma para a transformação", disse num discurso escrito pelo editor Roberto Feith. Curiosidade:
há semanas, o Riocentro hospedou uma feira de material bélico.
"Você é da imprensa?", me
aborda o escritor Lindomar de
Oliveira, 37, oferecendo exemplar
de sua edição independente, "Falando no Ceará". Com chapéu de
couro, distribui sorrisos apertando-se num estande de 4 m2, de autores independentes. Credenciou-se há três meses, pagando R$
800. Gabriel Pinheiro, 29, é outro
independente. Mostra-me livro
em que analisa a Bíblia. "Há frases
em inglês", diz orgulhoso.
Eles, juntos com Catherine Millet, Millôr Fernandes e outros, fazem parte do time de escritores a
quem a feira é dedicada.
Um coral cantava "Eu Sei que
Vou te Amar" durante o coquetel
com champanhe oferecido pelo
consulado italiano. Mais adiante,
policiais da Guarda Municipal espiavam o livro "Cultos das Bruxas", de Margaret Murray.
Uma feira de livros é uma poluição visual e de sentimentos. O leitor se sente deprimido por não ter
lido tudo na vida. Um iniciante
nem sabe por onde começar.
Há livros de tudo, para tudo e
por tudo.
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