São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011

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Odd Future soma pop aos tabus do rap

Integrantes do coletivo de Los Angeles são acusados de promover racismo e homofobia em letras cheias de palavrões

Performance ao vivo do grupo destoa de shows de outros rappers e se aproxima da estética de cultos religiosos

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

Na semana passada, a polícia de Boston, nos Estados Unidos, foi chamada a uma loja de discos por causa de um tumulto.
Nada fora do normal se quem estivesse lá dentro fosse o astro teen Justin Bieber ou a cantora Lady Gaga. Mas o alvoroço foi causado por um grupo de rappers.
Eles não estão no topo das listas dos mais vendidos nem fazem música pop. Mas o Odd Future Wolf Gang Kill Them All (OFWGKTA ou apenas Odd Future) já é chamado de "the next big thing" (o próximo fenômeno).
O som do coletivo de Los Angeles é comparado com o que era feito por Eminem e Neptunes (de Pharrell Williams) no fim da década de 1990, bem diferente do rap que domina as paradas nos EUA há pelo menos dez anos.
As letras falam sobre estupro, homossexualidade e a ausência paterna, valendo-se de termos racistas, homofóbicos e muitos palavrões, com a capacidade instantânea de dividir opiniões.
Somam um punhado de referências pop obscuras, como o escritor Stephen King, o ocultista Aleister Crowley (de quem John Lennon era fã) e crimes famosos, como o massacre de Virginia Tech.
Em pouco mais de um ano, o grupo fechou um contrato de distribuição com a gravadora Sony que lhes dá total liberdade criativa. Nada mal.
Os shows do Odd Future são uma atração à parte. Como em um culto religioso, o que dizem no palco é repetido por seus "seguidores".
Pelas letras fortes, o grupo já foi tachado de "terrorista". E, com medo das "más companhias", a mãe de um dos integrantes, Earl Sweatshirt, 17, o mandou para uma escola militar em Samoa.

O CRIADOR
O coletivo tem mais de dez músicos, e seu líder é Tyler, the Creator (o criador), garoto de recém-completados -e surpreendentes- 20 anos.
Além de escrever parte das músicas, ele produz os discos solo dos outros integrantes- ao todo, são 12.
Desbocado e ambicioso, Tyler é a alma do Odd Future. Nas poucas entrevistas que concede, não diz uma única frase sem soltar um palavrão.
Para Tyler, o Odd Future é diferente de outros rappers. "Se você vai a um show de rap, as pessoas só ficam lá rimando, não tem emoção."
O integrante Domo Genesis avalia: "Eu não acho que façamos shows de rap".
O garoto também dirige clipes que são, no mínimo, escatológicos.
O da música "Yonkers" foi chamado por Kanye West de o melhor clipe de 2011. Nele, Tyler brinca com uma barata entre seus dedos, depois a engole e vomita. No fim do vídeo, o rapper se enforca.
"Yonkers" é o primeiro single do segundo disco solo de Tyler, "Goblin", que saiu na semana passada pela XL Recordings, o primeiro em uma gravadora. No Brasil, sai em junho pela LAB344.
E o que o futuro reserva ao Odd Future? Tyler não desce do pedestal: "Eu quero Grammy, VMA, [tocar no] Superbowl, quero ser um ícone. Quero ser comparado ao Kanye West. Quero ser maior que Kanye West".


Texto Anterior: Folha.com
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