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FOTOGRAFIA
Mostra no Rio de Janeiro traz 66 imagens com acabamento museológico, que podem ser compradas pelo público
Pierre Verger, com status de arte, ganha o mundo
EDER CHIODETTO
EDITOR DE FOTOGRAFIA
O fotógrafo e antropólogo francês Pierre Verger (1902-94) desembarca hoje, finalmente, no
mercado de arte, 58 anos após sua
chegada ao Brasil.
A mostra "Pierre Verger: 66
Imagens", que será aberta hoje à
noite na Pequena Galeria 18, em
Copacabana, no Rio de Janeiro, é
a primeira na qual as fotografias
de Verger, com tratamento de
obra de arte, poderão ser adquiridas pelo público.
A idéia de profissionalizar a comercialização das fotografias foi
da Fundação Pierre Verger, órgão
criado para a difusão e a preservação do trabalho do mestre francês. O colecionador e galerista
Mario Cohen foi a pessoa escolhida para dar vazão a esse projeto.
Também curador da mostra e
proprietário da galeria que sedia a
exposição, Cohen elegeu 66 imagens entre os 64 mil negativos disponíveis.
"Optei pelas imagens da primeira fase de Verger no Brasil, entre
1946 e os anos 50. Essa era uma
época em que ele ainda não havia
começado seu trabalho de pesquisa e documentação das religiões
afro. Era basicamente um fotógrafo encantado com um mundo
novo", diz.
De fato, as imagens expostas flagram um fotógrafo em êxtase circulando por Salvador, na Bahia,
descobrindo ressonâncias da
África no Brasil. Os retratos formam a maior parte do conjunto
dessas imagens com domínio de
fotografias de homens negros que
evidenciam um olhar intensamente homoerótico e desejante,
algo ainda pouco discutido na
obra do fotógrafo.
Nessa fase de Verger, é possível
perceber também seu alinhamento com o estilo clássico francês em
capturar flagrantes com grande
rigor de composição, algo que se
perderia em parte anos mais tarde
quando sua fotografia ficou mais
a serviço do registro documental
das suas atividades de etnólogo e
pesquisador.
"Pierre Verger: 66 Imagens" virou também um livro homônimo
e inaugura a coleção "Pequeno Livro da Pequena Galeria 18", idealizada por Cohen: "Minha intenção é lançar três livros por ano,
dois de imagens e um com textos
de reflexão sobre a fotografia".
O projeto de difusão da obra de
Verger, capitaneado pela fundação, não pára aqui. Está em fase
de captação de recursos um documentário de 17 capítulos inspirado no livro "Orixás", que prevê
filmagens em Salvador, Benin,
Haiti e Cuba. Além disso, está prevista uma exposição itinerante organizada pelo Instituto Goëthe
por cinco cidades alemãs neste
ano e uma retrospectiva no museu Jeu de Paume, em Paris, em
2005. A ponte Brasil-África, que
Verger sabiamente estreitou, agora se alarga e ganha o mundo.
PIERRE VERGER: 66 IMAGENS. Onde:
Pequena Galeria 18 (av. Atlântica, 1.782,
loja F, Copacabana, Rio; tel. 0/xx/21/
2549-3897). Quando: vernissage hoje, às
19h30; de seg. a sex., das 11h às 19h;
sáb., das 11h às 17h. Quanto: preço das
obras, de US$ 2.000 a US$ 3.000 (fotos
em preto-e-branco, 0,35 m x 0,35 m).
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