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MÚSICA
Duncan expõe "lado C" em novo trabalho
CD tem artistas jovens convidados e produção de John Ulhoa, do Pato Fu
Oitavo álbum da cantora, "Pelo Sabor do Gesto" tem, ainda, participação de Chico César e versões de canções do francês Alex Beaupain
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Aos 44 anos, Zélia Duncan se
diz uma artista que não dá "tapinha nas costas" de seu público. "É claro que eu quero, como
qualquer outro músico, que as
pessoas gostem do que vão ouvir. Mas também quero que saibam que não as estou subestimando", afirma a cantora.
É esta a proposta que tenta
manter no novo disco: diz não
seguir "nem lado A nem B, mas,
quem sabe, um C", o que inclui
ter desde um produtor pop, o
músico John Ulhoa, do Pato
Fu, até uma canção de Itamar
Assumpção (1949-2003), compositor da vanguarda paulistana já frequente no repertório
de Zélia.
Para ela, seu oitavo álbum,
"Pelo Sabor do Gesto", que sai
agora pela Universal, é também
"mais leve" que os anteriores.
De fato, ao contrário de "Eu
Me Transformo em Outras",
em que interpretou o repertório de mestres como Tom Jobim e Dorival Caymmi, e de
"Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band",
no qual gravou, entre outras,
quatro canções de Assumpção
e um choro do maestro Guerra
Peixe (1914-1993), o novo álbum tem o que Zélia chama de
frescor, que ela atribui ao trabalho de Ulhoa.
"Quando fui fazer o "Pré
Pós...", tive ansiedade de mostrar muita coisa ao mesmo
tempo. Tinha muita informação, mas eu precisava que fosse
daquele jeito. Era mais denso,
mais urgente no sentido emocional. E acabou sendo muito
elogiado", lembra.
Já "Pelo Sabor do Gesto", diz
ela, "nasceu todo macio e alegre", com participações de músicos jovens como Curumin e
Marcelo Jeneci. "É meio "gente
jovem reunida". Eles têm frescor, essa vibração. Eu tenho experiência, um monte de coisas
acumuladas que eu gosto de dividir. Parceria, pra mim, é intimidade", diz.
"Duas Namoradas"
Entre os parceiros, há ainda
Chico César, com quem ela
compôs e cantou "Esporte Fino
Confortável".
No estúdio, o músico ouviu a
"Italice" -parceria de Itamar
Assumpção e Alice Ruiz, cedida
a Zélia para o novo disco- e sugeriu que mudasse de nome, do
original "Xifópagas" para
"Duas Namoradas".
"É mais instigante. A pessoa
pensa que é sacana, mas é o namoro entre a música e a poesia", diz ela.
Há ainda duas versões de
canções do francês Alex Beaupain, compostas para o longa-metragem "Canções de Amor",
do diretor Christophe Honoré
("Em Paris").
"De modo geral, as pessoas
têm preconceito com versão",
afirma a cantora. Ela mesma
estourou com uma versão
-"Catedral", feita a partir de
"Cathedral Song", de Tanita Tikaram- e, agora, diz que "não
aguentou" e gravou "Boas Razões" e "Pelo Sabor do Gesto".
"Ficou natural, porque o lance
da versão é ser natural, é caber
naquele espaço", avalia.
As duas músicas foram liberadas pelo autor após contato
feito por Zélia via MySpace.
"Eu vi o filme e fiquei muito
emocionada. Comecei a falar
disso para alguns amigos e pensei: "Será que é viagem minha
pensar em fazer versão dessas
músicas?"."
"É diferente de eu querer fazer, por exemplo, uma versão
de "Rehab" [de Amy Winehouse], que está super em voga. Daí
seria oportunismo", diz.
Os primeiros shows do novo
disco vão ser no Teatro Municipal de Niterói, cidade natal de
Zélia Duncan, em 4 e 5 de julho.
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