São Paulo, quarta, 17 de junho de 1998

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Médicos de Leandro desconhecem razão de parada

da Reportagem Local

Os médicos que atendem Leandro não sabem explicar o motivo da parada cardiorrespiratória que o cantor sofreu anteontem, no apartamento que ocupa no Itaim, na zona sudoeste de São Paulo.
Leandro continua internado na UTI do hospital São Luiz em estado grave, sedado e respirando com a ajuda de aparelhos. O cantor, que forma dupla sertaneja com seu irmão Leonardo, faz tratamento quimioterápico para combater um câncer localizado no lado direito de sua caixa torácica.
Não dá para definir o que aconteceu. Foi inesperado, no caso de Leandro, mas pode acontecer durante um tratamento como o dele. Porém não há relação direta, disse Alli Esgaib, cirurgião torácico que acompanha o caso desde a descoberta do tumor.
Também foi observada uma infecção generalizada (septicemia), causada por uma imunodepressão relacionada ao tratamento.
Com as duas etapas da quimioterapia completadas pelo cantor até agora, fechou-se um ciclo do tratamento. Ao mesmo tempo, ele atingiu o auge da imunodepressão (baixa resistência imunológica), o que explica a septicemia, afirmou o cirurgião torácico José Camargo.
Segundo o médico, o tumor de Leandro não sofreu alteração de tamanho desde o último exame.
Ontem, os médicos fizeram uma investigação por ressonância magnética e concluíram que o tecido cerebral foi preservado, o que indica que a parada não teria deixado sequelas neurológicas.
Até a tarde de anteontem, quando o cantor teve a parada cardiorrespiratória, Leandro era submetido a transfusões de sangue e de plaquetas e tomava analgésicos e antibióticos. Antes da parada, o cantor teve convulsões.
Ontem, às 13h30, foi divulgado um novo boletim, assinado por Ruy Marco Antonio, superintendente do complexo hospitalar São Luiz, Cláudio Petrilli e Maria Lydia de Andrea, oncologistas, e José Camargo e Alli Esgaib, cirurgiões torácicos.
Leonardo, o irmão de Leandro, falou cinco minutos com a imprensa por volta das 13h10. Foi um susto muito grande. Graças a Deus já passou, disse o cantor. Ele já está melhor. Agradeço as orações feitas pelos brasileiros, que dão muita força a meu irmão.
Macumba
Dezenas de fãs passaram pelo local ontem. A desempregada Maria Nicolau dos Santos, 28 anos, evangélica, fez uma espécie de trabalho na frente do hospital.
Ela jogou no chão ovos, iogurte, chocolate em pó, molho de tomate, sementes e esmagou uma maçã e um pedaço de pizza, enquanto gritava: Leandro, reage!. Dizia desfazer macumba feita para o cantor.
Os seguranças tentaram expulsá-la e, como não conseguiram, chamaram a polícia. A fã acabou entrando e sendo acalmada.
A atitude dela revoltou fãs de outras religiões. Se ela amasse o Leandro, não viria fazer essa bagunça aqui, disse uma delas. Momentos antes, a faxineira Nazilda Afonso da Silva, 49, da Assembléia de Deus, havia comandado uma oração em que 30 fãs se ajoelharam e deram as mãos.
Havia os menos espalhafatosos, como a família que levou uma faixa em que se lia: Leandro, preferimos torcer pela sua vitória, referindo-se ao jogo do Brasil, que acontecia na tarde de ontem.
Vários artistas foram ao hospital visitar Leandro, como os apresentadores Hebe Camargo, Ana Maria Braga, Otávio Mesquita e Moacyr Franco, além da cantora Roberta Miranda.
(IVAN FINOTTI e LEANDRO FORTINO)



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