São Paulo, Quinta-feira, 17 de Junho de 1999
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MEMÓRIA
Radiobrás lança dois CDs com extratos do acervo artístico e jornalístico da Rádio Nacional do Rio de Janeiro
História do rádio e do país sai em CD

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília


A Radiobrás lançou, em edições limitadíssimas e caráter experimental, dois CDs com extratos do acervo jornalístico e artístico da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
A idéia de Carlos Zarur, presidente da empresa, é ouvir opiniões para avaliar a possibilidade de obter patrocínio para fazer tiragens maiores e, depois, talvez, oferecer os dois produtos ao público.
Os discos também se encaixam numa estratégia de Zarur que tem como objetivo final a constituição do Museu do Rádio, que ele pretende fazer funcionar no Rio.
"Temos obrigação de preservar o grande acervo histórico e musical que a Rádio Nacional possui e que está ameaçado", diz Zarur.
Além de fitas gravadas, com discursos vitais para a política brasileira e programas de rádio que marcaram a cultura do país nos últimos 70 anos, estão na Rádio Nacional objetos como o piano de cauda de sua orquestra, os estúdios onde eram gravadas suas novelas, as fichas do Departamento Pessoal dos grandes artistas dos anos 30 e 40, seus funcionários.
O primeiro CD, intitulado "Memória do Rádio - Anos 50", foi ao ar, com patrocínio do Banco do Brasil, nos primeiros meses deste ano, pela Rádio Nacional.
Ele registra trechos de sucessos como o "Programa César de Alencar", a novela "Jerônimo, o Herói do Sertão", o célebre humorístico "Balança Mas Não Cai", além de jingles de campanhas políticas (Jânio Quadros, Adhemar de Barros), famosos comerciais (Pílulas de Vida do Dr. Ross) e músicas ("Café Soçaite", de Billy Blanco com Jorge Veiga, "Pisa na Fulô", de João do Vale com Ivon Curi).
O segundo CD, que ficou pronto na semana passada (o primeiro a recebê-lo foi o presidente Fernando Henrique Cardoso), chama-se "Momentos Históricos do Rádio Brasileiro" e se compõe de trechos de discursos e entrevistas.
O CD segue ordem cronológica. Começa com o barão do Rio Branco, em 1909 (antes, portanto do início do rádio no Brasil; sua voz foi registrada em disco de acetato), com sotaque português, defendendo a paz e o direito como condições para o desenvolvimento.
O discurso de Pinheiro Chagas no enterro de João Pessoa em 1930, o anúncio do Estado Novo por Getúlio Vargas em 1937, a renúncia de Vargas em 1945, a notícia do suicídio de Vargas dada pelo Repórter Esso em 1954, a saudação de Juscelino Kubitschek a Dwight Eisenhower na visita do presidente norte-americano ao Brasil em 1960, o comício de 13 de março de 1964 em que João Goulart defendeu as "reformas de base", o desafio de Carlos Lacerda ao almirante Aragão em 31 de março de 1964, a posse de Castello Branco na Presidência em 15 de abril de 1964 são alguns dos tesouros históricos preservados nesse CD.
Zarur se diz animado com as reações iniciais aos dois discos e afirmou à Folha que pretende continuar. Já está preparando o segundo volume de "Momentos Históricos". A princípio, ele imaginara dar continuidade à sequência cronológica, a partir de 1964.
Mas, segundo ele, há tanto material de qualidade que se resolveu antes editar mais alguns trechos de períodos entre 1922 e 1964.
O único empreendimento similar ao da Radiobrás existente é a série "O Rádio no Brasil", produzida pela BBC de Londres em 1998.


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