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MEMÓRIA
Radiobrás lança dois CDs com extratos do acervo artístico e jornalístico da Rádio Nacional do Rio de Janeiro
História do rádio e do país sai em CD
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A Radiobrás lançou, em edições
limitadíssimas e caráter experimental, dois CDs com extratos do
acervo jornalístico e artístico da
Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
A idéia de Carlos Zarur, presidente da empresa, é ouvir opiniões
para avaliar a possibilidade de obter patrocínio para fazer tiragens
maiores e, depois, talvez, oferecer
os dois produtos ao público.
Os discos também se encaixam
numa estratégia de Zarur que tem
como objetivo final a constituição
do Museu do Rádio, que ele pretende fazer funcionar no Rio.
"Temos obrigação de preservar o
grande acervo histórico e musical
que a Rádio Nacional possui e que
está ameaçado", diz Zarur.
Além de fitas gravadas, com discursos vitais para a política brasileira e programas de rádio que
marcaram a cultura do país nos últimos 70 anos, estão na Rádio Nacional objetos como o piano de
cauda de sua orquestra, os estúdios onde eram gravadas suas novelas, as fichas do Departamento
Pessoal dos grandes artistas dos
anos 30 e 40, seus funcionários.
O primeiro CD, intitulado "Memória do Rádio - Anos 50", foi ao
ar, com patrocínio do Banco do
Brasil, nos primeiros meses deste
ano, pela Rádio Nacional.
Ele registra trechos de sucessos
como o "Programa César de Alencar", a novela "Jerônimo, o Herói
do Sertão", o célebre humorístico
"Balança Mas Não Cai", além de
jingles de campanhas políticas (Jânio Quadros, Adhemar de Barros),
famosos comerciais (Pílulas de Vida do Dr. Ross) e músicas ("Café
Soçaite", de Billy Blanco com Jorge
Veiga, "Pisa na Fulô", de João do
Vale com Ivon Curi).
O segundo CD, que ficou pronto
na semana passada (o primeiro a
recebê-lo foi o presidente Fernando Henrique Cardoso), chama-se
"Momentos Históricos do Rádio
Brasileiro" e se compõe de trechos
de discursos e entrevistas.
O CD segue ordem cronológica.
Começa com o barão do Rio Branco, em 1909 (antes, portanto do
início do rádio no Brasil; sua voz
foi registrada em disco de acetato),
com sotaque português, defendendo a paz e o direito como condições para o desenvolvimento.
O discurso de Pinheiro Chagas
no enterro de João Pessoa em 1930,
o anúncio do Estado Novo por Getúlio Vargas em 1937, a renúncia
de Vargas em 1945, a notícia do
suicídio de Vargas dada pelo Repórter Esso em 1954, a saudação de
Juscelino Kubitschek a Dwight Eisenhower na visita do presidente
norte-americano ao Brasil em
1960, o comício de 13 de março de
1964 em que João Goulart defendeu as "reformas de base", o desafio de Carlos Lacerda ao almirante
Aragão em 31 de março de 1964, a
posse de Castello Branco na Presidência em 15 de abril de 1964 são
alguns dos tesouros históricos preservados nesse CD.
Zarur se diz animado com as reações iniciais aos dois discos e afirmou à Folha que pretende continuar. Já está preparando o segundo volume de "Momentos Históricos". A princípio, ele imaginara
dar continuidade à sequência cronológica, a partir de 1964.
Mas, segundo ele, há tanto material de qualidade que se resolveu
antes editar mais alguns trechos de
períodos entre 1922 e 1964.
O único empreendimento similar ao da Radiobrás existente é a série "O Rádio no Brasil", produzida
pela BBC de Londres em 1998.
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