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MEMÓRIA
Saxofonista norte-americano foi dos mais influentes do jazz
Benny Carter criou a base do swing
JOHN S. WILSON
DO "NEW YORK TIMES"
A carreira de Benny Carter,
morto no último dia 12 aos 95
anos, foi notável tanto por sua duração quanto por suas realizações
musicais consistentemente elevadas, de suas primeiras gravações
nos anos 20 aos seus improvisos
que continuavam a soar jovens
nos anos 90. Seu trabalho como
solista, um som puro e de fraseado impecável, o tornou um dos
dois mais importantes expoentes
do sax alto no jazz, do final dos
anos 20 até o surgimento de Charlie Parker, na metade dos anos 40.
Carter ajudou a criar a fundação
do swing do final dos anos 30 e começo dos anos 40 com os arranjos
que escrevera uma década antes
para sua própria big band, bem
como para Benny Goodman, antes que Goodman se tornasse conhecido como o rei do swing.
As composições de Carter incluem "Blues in My Heart",
"When Lights Are Low", "Blue
Star", "Lonesome Nights",
"Doozy" e "Symphony in Riffs".
Começando no início da década
de 40, ele também compôs e orquestrou música para o cinema.
Em 1962, quando Carter tinha
54 anos, o crítico Whitney Balliett
escreveu na [revista] "New Yorker" que "poucos de seus contemporâneos continuam a tocar, fazer arranjos ou compor tão bem
quanto ele, e nenhum toca tantos
instrumentos e compõe e arranja
com tamanha elegância".
A fama de Carter junto ao público nem sempre esteve à altura de
suas realizações, e o único grande
sucesso que ele compôs na era das
big bands foi "Cow-Cow Boogie",
uma canção brincalhona interpretada por Ella Mae Morse. Mas
o apelido que lhe foi dado pelos
colegas músicos, "Rei", prova a alta estima com que era encarado.
Bennett Lester Carter nasceu
em 8 de agosto de 1907, o mais jovem de três filhos e único menino.
Foi criado em San Juan Hill, então
uma das áreas mais turbulentas
de Manhattan, perto da atual localização do Lincoln Center.
Aos 13 anos, comprou um
trompete em uma loja de penhores, mas por não conseguir aprender a tocá-lo sozinho, trocou por
um saxofone. Aos 15 ele já tocava
com bandas do Harlem.
Em 1928, Carter entrou para a
banda dirigida pelo irmão de Fletcher Henderson, Horace, e pouco
depois, quando o líder abandonou seu posto em meio a uma turnê, os músicos assim abandonados o elegeram para substituí-lo.
Carter tinha 21 anos. Ao longo das
duas décadas seguintes, como escreveu seu biógrafo Morroe Berger, "ele ou estava na liderança de
uma banda ou lamentando ter de
dispersar os músicos, ao mesmo
tempo em que planejava organizar a banda seguinte".
Em 1935, Carter foi a Paris, para
tocar com a Willie Lewis Orchestra no clube Chez Florence. Ficou
na Europa por três anos, tocando
principalmente na França, Dinamarca e Holanda. Ao voltar para
os EUA, formou mais uma big
band e escreveu arranjos para a
orquestra do programa de rádio
"Your Hit Parade". Depois, fixou
residência em Hollywood.
Carter começou a trabalhar para o cinema em 1943, com
"Stormy Weather", filme para o
qual escreveu os arranjos e tocou
na trilha sonora, mas sem receber
crédito. Em Hollywood, Carter foi
um dos primeiros arranjadores
negros a romper as barreiras raciais, trabalhando em séries de sucesso na TV. O som de Carter pode ser ouvido com destaque na
gravação de "Honeysuckle Rose",
de 1961, do álbum "Further Definitions". O disco aproxima sem
atritos o mundo do swing e o do
bebop, e é considerado uma das
mais influentes gravações de jazz
de todos os tempos.
Tradução Paulo Migliacci
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