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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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MEMÓRIA

Saxofonista norte-americano foi dos mais influentes do jazz

Benny Carter criou a base do swing

JOHN S. WILSON
DO "NEW YORK TIMES"

A carreira de Benny Carter, morto no último dia 12 aos 95 anos, foi notável tanto por sua duração quanto por suas realizações musicais consistentemente elevadas, de suas primeiras gravações nos anos 20 aos seus improvisos que continuavam a soar jovens nos anos 90. Seu trabalho como solista, um som puro e de fraseado impecável, o tornou um dos dois mais importantes expoentes do sax alto no jazz, do final dos anos 20 até o surgimento de Charlie Parker, na metade dos anos 40.
Carter ajudou a criar a fundação do swing do final dos anos 30 e começo dos anos 40 com os arranjos que escrevera uma década antes para sua própria big band, bem como para Benny Goodman, antes que Goodman se tornasse conhecido como o rei do swing.
As composições de Carter incluem "Blues in My Heart", "When Lights Are Low", "Blue Star", "Lonesome Nights", "Doozy" e "Symphony in Riffs". Começando no início da década de 40, ele também compôs e orquestrou música para o cinema.
Em 1962, quando Carter tinha 54 anos, o crítico Whitney Balliett escreveu na [revista] "New Yorker" que "poucos de seus contemporâneos continuam a tocar, fazer arranjos ou compor tão bem quanto ele, e nenhum toca tantos instrumentos e compõe e arranja com tamanha elegância".
A fama de Carter junto ao público nem sempre esteve à altura de suas realizações, e o único grande sucesso que ele compôs na era das big bands foi "Cow-Cow Boogie", uma canção brincalhona interpretada por Ella Mae Morse. Mas o apelido que lhe foi dado pelos colegas músicos, "Rei", prova a alta estima com que era encarado.
Bennett Lester Carter nasceu em 8 de agosto de 1907, o mais jovem de três filhos e único menino. Foi criado em San Juan Hill, então uma das áreas mais turbulentas de Manhattan, perto da atual localização do Lincoln Center.
Aos 13 anos, comprou um trompete em uma loja de penhores, mas por não conseguir aprender a tocá-lo sozinho, trocou por um saxofone. Aos 15 ele já tocava com bandas do Harlem.
Em 1928, Carter entrou para a banda dirigida pelo irmão de Fletcher Henderson, Horace, e pouco depois, quando o líder abandonou seu posto em meio a uma turnê, os músicos assim abandonados o elegeram para substituí-lo. Carter tinha 21 anos. Ao longo das duas décadas seguintes, como escreveu seu biógrafo Morroe Berger, "ele ou estava na liderança de uma banda ou lamentando ter de dispersar os músicos, ao mesmo tempo em que planejava organizar a banda seguinte".
Em 1935, Carter foi a Paris, para tocar com a Willie Lewis Orchestra no clube Chez Florence. Ficou na Europa por três anos, tocando principalmente na França, Dinamarca e Holanda. Ao voltar para os EUA, formou mais uma big band e escreveu arranjos para a orquestra do programa de rádio "Your Hit Parade". Depois, fixou residência em Hollywood.
Carter começou a trabalhar para o cinema em 1943, com "Stormy Weather", filme para o qual escreveu os arranjos e tocou na trilha sonora, mas sem receber crédito. Em Hollywood, Carter foi um dos primeiros arranjadores negros a romper as barreiras raciais, trabalhando em séries de sucesso na TV. O som de Carter pode ser ouvido com destaque na gravação de "Honeysuckle Rose", de 1961, do álbum "Further Definitions". O disco aproxima sem atritos o mundo do swing e o do bebop, e é considerado uma das mais influentes gravações de jazz de todos os tempos.


Tradução Paulo Migliacci


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