São Paulo, quinta, 17 de julho de 1997.



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ARTES
Exposição reúne 87 obras da pintora
Museu dedicado a O'Keeffe abre hoje

ADRIANE GRAU
em San Francisco

Se feminismo e independência fossem sinônimos, a artista plástica Georgia O'Keeffe seria a síntese do movimento da liberação das mulheres para o qual virou as costas. "Os homens gostam de me reduzir a melhor pintora", teria dito ela. "Eu sou um dos melhores pintores."
Mas mesmo contra sua vontade, a mestre das flores e musa do Novo México entra para a história como a primeira artista americana de peso a ter um museu dedicado somente a ela.
O Georgia O'Keeffe Museum abre hoje suas portas para o público. Em exposição permanente estarão 87 obras que a artista produziu entre 1916 e 1980. "Os programas e exibições vão contribuir para expandir o conhecimento do trabalho de O'Keeffe e do meio em que ela viveu", afirma Jay Cantor, presidente do museu.
A opinião de Jay reflete a massiva influência que a paisagem da região teve na obra de Georgia. "Às vezes eu penso que estou meio maluca, apaixonada por este lugar", disse ela numa entrevista. "Eu escalei e cutuquei cada montinho e cada montanha visível. É o meu quintal."
Na verdade, o tal quintal não fica em Santa Fé, e sim a 80 quilômetros dali, em Abiquiu. Foi no rancho isolado que a partir de 1945 ela se refugiou do tórrido romance estabelecido em Nova York com seu marido, o marchand e fotógrafo Alfred Stieglitz, 22 anos mais velho do que ela. Sua primeira propriedade na região foi o "Ghost Ranch", que ela abandonou por causa da falta de água corrente e jardim. O estúdio construído por ela em Abiquiu foi recentemente aberto ao público como um pequeno museu, mas recebe apenas duas dúzias de visitantes a cada dia, com hora marcada.
As obras importantes, como "Jimson Weed" (1932) e "Evening Star VII" (1917), estão em mostra permanente no museu que fica próximo ao centro histórico de Santa Fé.
O prédio, originalmente uma igreja Batista, foi reformado pelo arquiteto Richard Gluckman, o mesmo responsável pela expansão do Whitney, em Nova York.
A mostra inaugural foi organizada por Juan Hamilton, amigo da pintora, que morreu em 1986. Fica faltando uma sala dedicada às fotografias de Alfred Stieglitz.
Os dois tiveram uma relação criativa altamente competitiva e simbiótica. A exposição "Duas Vidas: Georgia O'Keeffe e Alfred Stieglitz", que viajou pelo país em 1992, deixava claras as contribuições e influências nas obras um do outro. O Museu Rodin, em Paris, por exemplo, tem uma sala dedicada a Camille Claudel.



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