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ARTES
Exposição reúne 87 obras da pintora
Museu dedicado a O'Keeffe abre hoje
ADRIANE GRAU
em San Francisco
Se feminismo e independência
fossem sinônimos, a artista plástica Georgia O'Keeffe seria a síntese
do movimento da liberação das
mulheres para o qual virou as costas. "Os homens gostam de me reduzir a melhor pintora", teria dito
ela. "Eu sou um dos melhores pintores."
Mas mesmo contra sua vontade,
a mestre das flores e musa do Novo
México entra para a história como
a primeira artista americana de peso a ter um museu dedicado somente a ela.
O Georgia O'Keeffe Museum
abre hoje suas portas para o público. Em exposição permanente estarão 87 obras que a artista produziu entre 1916 e 1980. "Os programas e exibições vão contribuir para expandir o conhecimento do
trabalho de O'Keeffe e do meio em
que ela viveu", afirma Jay Cantor,
presidente do museu.
A opinião de Jay reflete a massiva
influência que a paisagem da região teve na obra de Georgia. "Às
vezes eu penso que estou meio maluca, apaixonada por este lugar",
disse ela numa entrevista. "Eu escalei e cutuquei cada montinho e
cada montanha visível. É o meu
quintal."
Na verdade, o tal quintal não fica
em Santa Fé, e sim a 80 quilômetros dali, em Abiquiu. Foi no rancho isolado que a partir de 1945 ela
se refugiou do tórrido romance estabelecido em Nova York com seu
marido, o marchand e fotógrafo
Alfred Stieglitz, 22 anos mais velho
do que ela. Sua primeira propriedade na região foi o "Ghost
Ranch", que ela abandonou por
causa da falta de água corrente e
jardim. O estúdio construído por
ela em Abiquiu foi recentemente
aberto ao público como um pequeno museu, mas recebe apenas
duas dúzias de visitantes a cada
dia, com hora marcada.
As obras importantes, como
"Jimson Weed" (1932) e "Evening Star VII" (1917), estão em
mostra permanente no museu que
fica próximo ao centro histórico de
Santa Fé.
O prédio, originalmente uma
igreja Batista, foi reformado pelo
arquiteto Richard Gluckman, o
mesmo responsável pela expansão
do Whitney, em Nova York.
A mostra inaugural foi organizada por Juan Hamilton, amigo da
pintora, que morreu em 1986. Fica
faltando uma sala dedicada às fotografias de Alfred Stieglitz.
Os dois tiveram uma relação
criativa altamente competitiva e
simbiótica. A exposição "Duas Vidas: Georgia O'Keeffe e Alfred
Stieglitz", que viajou pelo país em
1992, deixava claras as contribuições e influências nas obras um do
outro. O Museu Rodin, em Paris,
por exemplo, tem uma sala dedicada a Camille Claudel.
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