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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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Crítico e tradutor, criador do movimento Poesia Concreta nos anos 50, teve falência múltipla de órgãos ontem

Morre o poeta Haroldo de Campos, aos 73

DA REDAÇÃO

O poeta, crítico e tradutor Haroldo de Campos morreu ontem, aos 73 anos, em São Paulo. O intelectual estava na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e morreu à 1h, de falência múltipla de órgãos.
O corpo de Haroldo de Campos foi velado no Hospital Beneficência Portuguesa e seria cremado às 16h de ontem, no Cemitério da Vila Alpina. O poeta deixa a mulher, Carmem, e um filho, Ivan.
Nascido em 19 de agosto de 1929, em São Paulo, Haroldo Eurico Browne de Campos se formou em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Nesse mesmo ano, fundou, com o irmão Augusto de Campos e com Décio Pignatari, parceiros durante toda a sua vida, o Grupo Noigandres, de poesia concretista.
Quatro anos mais tarde, os irmãos Campos e Pignatari lançaram oficialmente o movimento Poesia Concreta, na 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no MAM/SP e no saguão do MEC, no Rio. Em 1958, o trio publica "Plano-Piloto Para a Poesia Concreta", no quarto número da revista "Noigandres".
Haroldo de Campos realizou traduções para o português de obras literárias em alemão, chinês, espanhol, grego, hebraico, inglês, italiano, japonês, latim, provençal e russo. Com Augusto e Boris Schnaiderman, lançou "Poemas de Maiakóvski" e "Poesia Russa Moderna", em 1967 e 68, respectivamente. Em 1975, recebeu o prêmio de tradução da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), por "Mallarmé".
Em 1988, criou, com a professora Munira Mutran, a versão brasileira do "Bloomsday"- celebração que relembra as andanças de Leopold Bloom, protagonista do romance "Ulisses", de James Joyce, durante o dia 16 de junho.
Em 1992, ganhou o Prêmio Jabuti de personalidade literária do ano, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Em 1999, o Prêmio Jabuti de poesia foi conferido para seu livro "Crisantempo: No Espaço Curvo Nasce Um" (1998).
Em 1994, Campos escreve o poema "Por um Brasil Cidadão" e declara apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. Em janeiro do ano passado, recebeu homenagem no museu Guggenheim, em Nova York, com leituras de poemas e debate sobre sua obra.



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