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Música - Crítica/MPB
Bebel Gilberto fixa estilo e dribla modismos em seu "Momento"
Em novo trabalho, cantora cria nuances à bem-sucedida fórmula da bossa eletrônica
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo CD de Bebel Gilberto, "Momento",
chega apenas agora ao
país, após ter sido lançado no
exterior em abril. Depois de
norte-americanos, ingleses e
japoneses, chegou a vez de os
brasileiros poderem comprar
(os que ainda compram discos)
o novo trabalho da cantora de
sobrenome famoso.
Por isso, em certo sentido, o
CD já chega soando um pouco
velho. Alie-se a isso o fato de
que Bebel, 41, dá prosseguimento à bossa eletrônica, gênero que ajudou a lançar as bases,
em 2000 -e a impressão é de
que ela não avançou.
Mas a impressão é apenas superficial. Bebel definiu um estilo e vai fazendo o melhor possível dentro dele. Vai, assim, driblando o ritmo das reviravoltas
e modas musicais que acontecem pelo mundo.
Em "Momento", Bebel é co-autora de quase todas as músicas e está cada vez mais próxima da bossa. Claro, não deixou de lado aquela sonoridade que
inspirou inúmeros clones e hoje é uma peste em som ambiente de bares metidos a descolados mundo afora. "Bring Back to Love", feita em parceria com
os nova-iorquinos do Brazilian
Girls, por exemplo, cumpre
com mérito essa "cota". Como
acontece na faixa seguinte,
"Close to You", Bebel une universos musicais e canta em
duas línguas, fazendo a conexão Brasil-Primeiro Mundo.
Mas aqui e ali vão surgindo
variantes desse espírito estrangeiro deslocado -Bebel, vale
lembrar, vive há anos em Nova
York. Na excelente "Os Novos
Yorkinos", a melhor faixa do
disco, Bebel faz referência aos
Novos Baianos, grupo que, nos
anos 70, criou a ponte possível
entre o regional brasileiro e o
rock. A faixa, suave e animada,
tem o clima de bossa, ao mesmo
tempo em que o refrão remete
ao Carnaval de Salvador.
Em "Caçada", Bebel pega
uma canção menos conhecida
de Chico Buarque, trilha de
"Quando o Carnaval Chegar"
(1972, Cacá Diegues), e se joga
no baião, não sem antes deixar
sua marca "cool", tranquila. Já
a versão para "Night and Day"
(de Cole Porter) é pura bossa.
E "Tranquilo" (de Kassin),
onde recebe a descoladíssima
Orquestra Imperial, Bebel dá
continuidade àquilo que explicita na citada "Os Novos Yorkinos". Ela se integra bem em
turmas, seja no norte ou sul do
planeta. Bebel dribla modismos e nacionalidades.
MOMENTO
Artista: Bebel Gilberto
Lançamento: Sony BMG
Quanto: R$ 26, em média
Avaliação: bom
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