São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Filme

"Soberba" capta tirania da rotina no cinema

CRÍTICO DA FOLHA

Por mais que o estúdio tenha mexido em "Soberba" (Turner Classic Movies, 18h25), o segundo filme de Orson Welles permanece um monumento, e poucas vezes a decadência de uma classe e a ascensão de outra terão sido tão bem representadas quanto aqui.
De um lado, existem os aristocráticos Amberson, cujo rebento, George (Tim Holt), não só não permite que sua irmã Isabel case com o excêntrico Eugene (Joseph Cotten), a quem vê como um inferior, como leva sua cegueira a atravessar o filme inteiro.
Visto assim, parece história de novela de TV, e poderia bem ser, não fosse o fato de Eugene representar tão bem o espírito americano, ou ao menos essa parte cheia de iniciativa, inventividade e, sobretudo, vocação para o sonho.
Essa oposição de que Welles trata poderia ser vista de outra maneira, como a tirania da rotina contra a invenção. Tirania que se manifestava na indústria do cinema de então e que se manifesta hoje com ainda mais força.
Welles estava do lado do sonho, claro. Não por acaso, quando a RKO foi vendida (ele estava no Brasil), perdeu por um artifício jurídico o direito a controlar seus filmes.
Por outro lado, existe no filme essa história, recorrente em Orson Welles, de encontros que não se concretizam, de almas que a vida, por alguma razão, infelicita ao afastar. "Soberba" é, para muitos, a obra-prima de Welles. Não é pouco. (INÁCIO ARAUJO)


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