São Paulo, Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999
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CINEMA "POR TRÁS DO PANO"

Discussão sobre teatro tem humor e polêmica

da Reportagem Local

Bom humor e polêmica marcaram o debate "O Teatro no Cinema", que aconteceu anteontem na sala 2 do Espaço Unibanco de Cinema, após sessão de pré-estréia do filme "Por Trás do Pano", de Luiz Villaça.
O bom humor veio das atrizes Denise Fraga e Ester Góes e a polêmica, do roteirista e autor de teatro Fernando Bonassi.
O evento, promovido pela Folha, pela Riofilme e pelo Espaço Unibanco de Cinema, contou ainda com o diretor Luiz Villaça e foi mediado pelo crítico de teatro da Folha, Nelson de Sá.
O debate, assistido por cerca de 100 pessoas (o filme foi acompanhado pelo dobro), começou como uma conversa com o público. Luiz Villaça, que estréia em longas-metragens com "Por Trás do Pano", contou aos espectadores as premissas básicas de seu filme: "São relações entre um grupo de atores, mas que falam do dia-a-dia de todo o mundo. Poderia ser em qualquer lugar ou profissão".
Bonassi elogiou em seguida o modo de produção de "Por Trás do Pano". "Esse é o modelo que está dando certo, que essa geração de 30 a 40 anos entendeu: filme rápido e barato", afirmou.
A atriz Denise Fraga, protagonista da fita, contou histórias da filmagem. "A gente usou um teatro em Americana como locação e também como estúdio, já que os cenários foram montados no palco", explicou.
"Então", continuou Denise, "era curioso porque a gente entrava todo dia no teatro, mas para fazer cinema. A câmera ficava no lugar onde fica a platéia, mas tinha que ser uma interpretação para cinema. Mesmo as partes em que a gente fingia que representava no teatro, eram representadas para cinema, ou seja, como se não estivesse num palco. Mas a gente estava num palco...", concluiu, sob risos do público.
Denise também lembrou que "foi difícil fazer uma atriz que representa mal no início e, depois, um pouco melhor. A personagem não tinha a mesma experiência em teatro que eu".
"Meu problema foi o oposto", emendou Ester Góes. "Minha personagem era uma atriz mais experiente que eu. Ela é meio TBC", disse, arrancando mais risadas da platéia. "Minha geração é mais despojada, mais hippie."
A polêmica aconteceu quando Fernando Bonassi diminuiu a figura do diretor, dizendo que "o ator pode dar conta do teatro. O diretor é o cara que vem atrapalhar a minha relação, como autor, com o ator. Isso é o diretor".
A platéia reagiu com gritos como: "Teatro é equipe, cara!", enquanto Villaça disse achar possível tanto um cinema com ênfase na improvisação, como um mais organizado. "Não podemos carimbar um método", afirmou.


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