|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Roteiro inteligente sustenta duas boas horas
da Reportagem Local
"A Filha do General" não é daqueles filmes que contribuem para mudar a vida de uma pessoa.
Mas John Travolta está calejado
em Hollywood, depois de tantos
altos e baixos na gangorra da fama, e não tem a pretensão de fazer
filmes tão profundos. Aqui, ele e o
diretor Simon West querem apenas oferecer uma sessão de entretenimento. Missão cumprida.
West tem apenas 37 anos, mas
parece um diretor vindo dos anos
40 e 50. "A Filha do General", assim como seu filme de estréia,
"Con Air" (com Nicolas Cage e
John Malkovich), respeita a narrativa clássica. É um filme redondo, sem elipses na trama. Cria o
clímax e oferece ao espectador o
esperado conflito entre o investigador e o culpado.
É bom não confundir ser clássico com ser antiquado. West tem
uma câmera refinada, que busca
ângulos inquietantes. O diretor
sabe enquadrar e, principalmente, sabe editar. É por esse talento
que as quase duas horas de projeção são muito agradáveis, apesar
de uma história que muitas vezes
revira o estômago.
Um prestigiado general que
pretende se aposentar e entrar para a política recebe um duro golpe: sua filha, também uma oficial,
é brutalmente estuprada e morta
dentro do quartel. Travolta interpreta Paul Brenner, investigador
das Forças Armadas encarregado
de descobrir os culpados.
Ele recebe, contrariado, a ajuda
de outra investigadora, Sara (a
sempre bela Madeleine Stowe, de
"O Último dos Moicanos"). Além
de partilharem a profissão, eles já
dividiram também a cama, num
namoro tumultuado terminado
alguns anos antes.
Lidar com a ex-namorada é o
menor problema de Brenner. Sua
investigação vai esbarrando num
tremendo esforço dos militares
para atrapalhar seus passos.
O casal de detetives descobre o
comportamento ninfomaníaco
da garota ao perceber que a coisa
mais difícil na base é encontrar alguém que não tenha transado
com ela. E a resposta para tanto
furor uterino pode estar num
obscuro incidente envolvendo a
garota ainda em seus tempos na
academia militar.
A novela de Nelson DeMille que
originou o roteiro tem passagens
ainda bem mais pesadas do que as
incluídas no filme, mas a versão
cinematográfica preserva o intrincado jogo de detetive que deu
notoriedade ao livro.
Há duas partes distintas na trama. Primeiro, a questão é descobrir o que aconteceu. Depois, a
discussão é tentar entender porque tudo levou ao desfecho violento. O filme consegue um bom
equilíbrio entre o policial de ação
e o thriller psicológico.
O mérito de segurar a atenção
do espectador até a última cena já
é coisa pouco desprezível no atual
estágio do cinema americano.
Apesar da falta de interpretação
mais densa do apenas competente par central, o roteiro inteligente
sustenta o prazer da platéia.
(THALES DE MENEZES)
Avaliação:
Título: A Filha do General
Diretor: Simon West
Produção: EUA, 1999
Com: John Travolta, Madeleine Stowe,
Timothy Hutton, James Cromwell
Quando: a partir de hoje, nos cines
Studio Alvorada 1, Morumbi 1 e circuito
Texto Anterior: Cinema/estréias: "A Filha do General" explora suspense sexual Próximo Texto: 10º "Curta às Seis" começa hoje no Espaço Unibanco, em SP Índice
|