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Peças também falam de Berlim
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
As 300 peças de arte africana
quem estarão em exposição contam não só a autonomia pregada
pelo curador Peter Junge, mas
também a própria história alemã.
A coleção teve início no século
19, quando era exposta no Gabinete de Curiosidades do rei da
Prússia, em Berlim. No Brasil,
uma dessas peças que será vista é
um saleiro em marfim, feito numa região denominada Sapi. "Esse é um exemplo de que nem tudo
foi roubado, como se costuma
afirmar. O saleiro foi produzido,
no século 15 ou 16, especialmente
para ser exportado para Portugal", afirma Junge.
Em 1856, as peças saíram do palácio e foram para o então chamado Neues Museum, obra majestosa do arquiteto Schinkel, onde se
somaram a outras peças, inclusive
trazidas do Brasil.
Somente no século 20, as peças
foram reunidas no então chamado Volkskunde Museum [Museu
para Estudo dos Povos]. Mas após
a Segunda Guerra Mundial parte
do acervo do museu de Berlim,
cerca de 40 mil peças, foi parar na
então Leningrado, na U.R.S.S.,
sendo devolvidas, em 1975, para o
Museu de Leipzig, que pertencia à
Alemanha socialista. "Essas peças
nunca foram expostas em Leipzig
e, apenas após a queda do muro,
foram devolvidas a Berlim", diz
Junge. Com isso, algumas peças
que estarão no Brasil nunca foram expostas em Berlim.
Curiosamente, as obras podem
voltar ao mesmo local onde iniciou-se a coleção. Na verdade, o
palácio real foi destruído pelo regime comunista e em seu lugar foi
erguido, de forma simbólica, o
Palácio do Povo, onde funcionou
o parlamento da Alemanha
Oriental. Agora, a edificação está
sendo demolida para que em seu
lugar seja reconstruído o palácio
em seu local original, bem no centro de Berlim. "De fato não podemos continuar aqui sem reformas
[o museu atualmente fica em Dahlem, um bairro do subúrbio],
mas não creio que isso ocorra a
curto prazo", afirma Viola König,
diretora do museu.
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